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Na última sexta-feira, 18/08, foi encerrado o ciclo de debates e reflexões do I Congresso Interinstitucional e Acadêmico do Sistema Carcerário. O movimento, sediado pelo Foro Central, em Porto Alegre, e pelo Espaço Multicultural da Universidade La Salle, reuniu grupos de pesquisas do meio acadêmico, além de membros de instituições estaduais dos Serviços Penitenciários. A Universidade contou com a parceria Poder Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública, Assembleia Legislativa e Poder Executivo do Estado do Rio Grande do Sul, OAB-RS e Conselho Regional de Psicologia do RS.

A comunidade acadêmica foi recebida no Espaço Multicultural com a exposição do acervo fotográfico de obras organizadas pelo Prof. Leandro Ayres França (presente no evento) e outras de autoria de Sidinei Brzuska, retratando o dia a dia dos apenados no Presídio Central, de Porto Alegre. Também estavam expostas redações resultantes do projeto Vozes de Um Tempo, coordenado pela Profa. Simone Schroeder, e desenvolvido com apenadas gaúchas dentro das penitenciárias.

Esses professores, juntamente com a Profa. Vanessa Chiari e Celso Rodrigues, todos atantes em outras instituições de ensino e em projetos com foco no sistema carcerário, compuseram o grupo de convidados que partilharam seus conhecimentos na área, com a mediação da Profa da casa, Dra. Renata Almeida da Costa. Em pauta, a arte produzida sobre a realidade prisional, acompanhada pelos palestrantes nos diferentes projetos e pesquisas que desenvolvem dentro de prisões.

“Essa conexão entre as institucionais criminais e educacionais fortalecem os diálogos entre quem faz as políticas públicas, quem avalia e pesquisa e os seus efeitos”, afirmou a Prof. Vanessa Chiari. “A arte também tem papel de curar. Por meio da arte elas e eles expressam o que sentem e se comunicam. Esse movimento é capaz de lhes trazer conforto”, completou.

De acordo com o Prof. Celso Rodrigues, a arte também é uma espécie de linguagem capaz de despertar a sensibilidade das pessoas para determinados assuntos e traduzir situações que a teoria ou linguagem acadêmica não dá conta. “Nesse caso, a arte busca os caminhos não-racionais ou comuns para estabelecer o contato entre o sistema carcerário e os próprios acadêmicos. Tem o potencial de despertar a reflexão e descontruir preconceitos. A sociedade vive uma crise de legitimação de discurso. A arte é uma forma de percepção fora do paradigma, que trabalha com as sensações para além dos termos técnicos”, explicou.

“A conexão entre as instituições e delas com a arte dá visibilidade aos ‘invisíveis’ na academia. O empirismo, o ir à campo e debater essas questões, conhecendo os protagonistas dos cenários, é primordial para a construção teórica e para a aplicação do conhecimento”, ressaltou a Profa. Simone Schroeder. Sobre isso, o Prof. Leandro França concluiu: “As manifestações artísticas são uma forma de tirar as pessoas da zona de conforto, sensibilizar e provocar a enxergar o outro e as diferentes realidades, a partir do seu próprio espaço”. 

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