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O trilho do metrô traça o caminho diário de milhares de pessoas. Cada uma com sua história, seus sonhos e seus medos. O problema é que a história de muitas mulheres ao longo desse percurso é marcada pela insegurança, simplesmente por serem mulheres. Cerca de 171 mil usuários usam trem diariamente na região metropolitana da capital. Mais da metade são mulheres. Os casos de constrangimento e assédios sexuais vividos frequentemente em transportes públicos e os 40 casos registrados nos últimos três anos no metrô de Porto Alegre, fizeram o Comitê Gaúcho Impulsor ElesPorElas, integrante do movimento mundial da ONU Mulheres, criar uma campanha específica. Intitulada “Fim da linha para a violência contra a mulher”, a campanha foi lançada nesta segunda-feira, dia 30/07, na Universidade La Salle.

A ação que contou com a presença da representante do Escritório da ONU Mulheres no Brasil, Dra. Nadine Gasman, teve início na estação Canoas do Trensurb, onde estão paineis da campanha e onde foi implantado um grafite de autoria uma mulher pertencente ao Coletivo Hip Hop Linha do trem. Gofa, como é conhecida Ana Carolina Kruze, conta que a ideia foi representar no desenho aquela que mais sofrem com esse tipo de violência. “Aqui elas estão representadas conquistando o seu espaço”. As falas das autoridades aconteceram na Universidade La Salle. A primeira delas foi do Coordenador do Comitê Gaúcho Eles por Elas, o Deputado Edegar Pretto que indicou que é uma campanha que tem tudo para ser ampliada, uma vez que há muito a se fazer quanto ao preconceito, à discriminação e à violência contra as mulheres. Quem comprovou com dados a fala do Deputado foi a Procuradora de Justiça e Coordenadora do Centro operacional de defesa dos Direitos Humanos do Rio Grande Do Sul, Doutora Angela Salton Rotunno. Ela relatou que os números de casos de violência contra as mulheres são maiores do que se imagina e que ocupam quase um terço do trabalho do Ministério Público. “O Ministério Público acredita fortemente na força e no poder do diálogo. Por isso é tão importante que as entidades juntas lutem contra esse mal que ainda precisa ser combatido”, destacou.

 

Campanha tem foco no direito à dignidade 

Quando uma mulher é assediada no caminho para o trabalho, ela é impedida de um direito, o  de ir e vir. No lugar de segurança e dignidade, elas são expostas a uma “prática patriarcal que acaba em uma violência sexista”. A constatação foi da representante do Escritório da ONU Mulheres no Brasil, Dra. Nadine Gasman. Com a campanha, Nadine destaca que não se quer apenas prestar solidariedade e sim agir efetivamente para o fim de um comportamento inadmissível. “Fortalecer os direitos das mulheres é um dos fatores que nos une neste ato e que, a partir de hoje, se espalha por meio da campanha que tem como objetivo final a igualdade de gênero, ressaltou.

 

Porto Alegre é pioneira no lançamento de uma campanha contra assédio sexual no transporte público em parceria com a ONU Mulheres

Se de um lado o número de casos de assédio contra as mulheres dentro de transportes públicos é alarmante, de outro, crescem as entidades que se unem contra essa violência. Foi assim que a Trensub entrou nessa parceria e pretende usar de sua expansão na região metropolitana para capitalizar uma informação positiva e contribuir na redução da violência. Foi isso que ressaltou o Presidente da empresa de transporte, David Borille. 

Já o Reitor da Universidade La Salle, Prof. Dr. Paulo Fossatti, fsc, destacou a importância do momento em que se rompe o silêncio de uma causa comum e reconheceu que as conquistas desse projeto estão ganhando o mundo. Exemplo disso é a presença da representante da Universidade La Salle no Comitê HeForShe da ONU Mulheres, Profª. Dra. Tatiana Vargas, em diferentes eventos internacionais recentemente em que teve a oportunidade de apresentar o que vem sendo desenvolvido pela universidade. “O silêncio incomoda, mas quero propor alguns segundos de silêncio por todas as mulheres que fazem parte dessas estatísticas e dizer que onde tivermos um direito quebrado, lá estaremos para nos indignar e agir”, finalizou. 

Também fizeram parte do lançamento a Presidente da Associação dos Procuradores do Estado do Rio Grande do Sul (Apergs), Doutora Marcela de Farias Vargas e a Sócia Diretora Da Agência Moove, Luana Rodrigues.

O evento foi finalizado com a participação do Coletivo Hip Hop Linha do Trem. O tamboreiro do grupo, Eduardo Gomes Silveira contou brevemente a história da cultura hip hop e o quanto ela está relacionada com uma cultura de paz nas comunidades e se espalhou pelo mundo. “Os nossos problemas não são as diferenças e sim as desigualdades”, destacou. Um poket show de rap encerrou a atividade de lançemento que deixou um recado bem claro: Violência com a mulher - NÃO!

 

Campanha poderá ser conferida de Porto Alegre a Novo Hamburgo

Cartazes e painéis serão espalhados nos trens e plataformas das estações, entre Porto Alegre e Novo Hamburgo. As peças, terão imagens com destaque para o número 180 da Central de Atendimento à Mulher. A ligação é gratuita. Além dos cartazes, a campanha terá outras atividades, como intervenção artística com o uso grafite e de batalhas de RAP em estações selecionadas, que ocorrerão por um período de três meses. A campanha é coordenada pelo Comitê Gaúcho Impulsor ElesPorElas, com participação da Trensurb, Universidade La Salle, Agência Moove, Ministério Público, Associação de Procuradores do Estado, Coletivo Hip Hop Linha do Trem e Escritório da ONU em Brasília.

 

Confira AQUI as imagen do lançamento.

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