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Na Semana do Patrimônio também cabe o questionamento: “O que é uma área de preservação ambiental?”. Muitos dos espaços usados pela comunidade para passar uma tarde agradável de domingo com a família podem se encaixar nessa denominação. A Praia do Paquetá, por exemplo, é um pequeno povoado localizado à margem esquerda do Rio dos Sinos, na região sudoeste de Canoas, bairro Mato Grande, e é considerada como espaço para lazer desde 1874. Está integrada ao Parque Estadual Delta do Jacuí, portanto, trata-se de área de preservação ambiental.  Ali vivem cerca de 290 habitantes, sendo, em torno de 90, registrados como pescadores.

Para além dessa funcionalidade, a partir de trabalhos no Programa de Pós-Graduação (PPG) em Memória Social e Bens Culturais, no Mestrado Profissional, Paulo Roberto Ritter e Juliana Pugliese Christmann perceberam que os pescadores da Praia do Paquetá poderiam ser considerados como um grupo diferenciado, com forma de organização própria, detentores de saberes ancestrais, ocupando território e usando recursos naturais. Isso, conforme Decreto nº 6.040, de 7 de fevereiro de 2007 que instituiu a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais.

A própria comunidade assim se reconhece, por isso solicitou ao poder público que fosse identificada como tal, o que se deu a partir da Lei Nº 5882, de 24 de novembro de 2014, que denominou formalmente o espaço como Praia do Paquetá e, no seu Art.2º, instituiu que os pescadores ali residentes passavam a ser considerados como Comunidade Tradicional. No entanto, de acordo com a Profª Dra. Cleusa Graebin, do PPG, Canoas ainda não possui legislação para patrimônio imaterial, o que impede a comunidade de receber o reconhecimento pelo saber e pelo modo de fazer dos pescadores.

Para tanto, a advogada Miriane Steiner, doutoranda do PPG, iniciou um projeto de tese a partir do qual desenvolverá pesquisa sobre o patrimônio imaterial em Canoas, notadamente sobre os Saberes e as Celebrações.Reconhecer e registrar um patrimônio cultural imaterial significa auxiliar na manutenção da diversidade cultural frente à crescente globalização e contribuir para com o diálogo entre culturas e para a promoção do respeito com outros modos de vida e de saberes. Essa transmissão entre gerações colabora para com a promoção das culturas locais e para os sentimentos de pertencimento. O incentivo de pesquisas nesse campo, por parte da Universidade LaSalle, demonstra sua profunda inserção na comunidade”, explica a professora.

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