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O sorriso de Danielle Francisco era, para eles, o melhor dos encorajamentos. Afinal, antes mesmo de provar a comida, a química responsável da Gas Natural Fenosa já deixava claro ser fã do trabalho daqueles iniciantes no mundo da gastronomia. “Adoro quando vocês vêm aqui”, decretava ao passar por cada jovem. Na verdadeira linha de produção, ela recebia os toques finais na montagem de seu prato e fornecia, em troca, o melhor de si: simpatia ao cumprimentar, incentivo ao falar, carinho ao ir tirar foto com todos que prepararam o arroz natalino. E olha que o time era grande: os 21 alunos do Energia do Sabor e quatro de seus mestres, os chefs Cris Gonzalez, Dhi Ferrari, Vicente Maia e a professora de espanhol Andreia Paraquette.

Como é de praxe ao menos uma vez ao ano, a turma passou por sua prova de fogo, ao cozinhar para os 300 funcionários da CEG, a patrocinadora do projeto, no primeiro dia do mês. Mas, no caso deles, não era uma estreia. Em agosto, o mesmo grupo pisava na cozinha ainda com pouca experiência, apenas duas semanas após o início de suas aulas para a aventura da galinhada cremosa. “Muitos nunca tinham fritado um ovo”, lembra Dayanna Silva de 25 anos. A aluna entrou no curso com o apoio da mãe, seguindo um amor que o pai a apresentou.

“Ele era cozinheiro, mas aprendeu tudo na prática. Eu via e ficava encantada. Desde pequena eu degustava a comida, queria saber cada detalhe do que tinha ali. Já trabalhei em restaurante, mas aqui é totalmente diferente, eu percebi o quanto cortei ingredientes de forma errada a vida toda, por exemplo”, conta. Dayanna atribui o primor da técnica que agora já possui a um professor em particular: “Aprendemos a base, o Vicente não sossega até fazermos direito, é uma inspiração pela força de vontade em ensinar. Ele é o núcleo, da carne ao peixe”.  

O Vicente a que se refere é Vicente Maia, coordenador da Escola de Gastronomia. Um dos pilares do “Energia do Sabor”, o chef está no projeto desde seu início e hoje é a ponte entre o Unilasalle-RJ e a Gas Natural Fenosa. “Preparar o almoço para os funcionários da CEG é uma forma deles conseguirem vivenciar a cozinha industrial, fornece o timing, a rapidez com que o cozinheiro prepara o prato relacionada à espera do cliente”, decreta Maia sobre a experiência, “No evento, eles ainda se organizam em baias e sempre elegemos um por time para ser o líder. Conseguem ter uma produção em série, trabalham com finalização e padronização de sabor”. 

Para Kyanne Yuna Reis, de 24 anos, cada passo é uma novidade. Estar imersa entre panelas já é uma realidade há dez anos, quando a então menina tentou fazer a sobremesa que a mãe não conseguiu reproduzir muito bem. Do pudim, veio o arroz doce, a busca por receitas diferentes e a paixão foi se tornando séria. A vontade passou a ser de fazer cursos, dois mais precisamente, abrindo também portas para a panificação. Após estudar os doces, Kyanne se formou como pizzaoiola e trabalhou durante quatro meses fazendo o coffee break do hotel Mercury, atual Quality Niterói, no Gragoatá. O expediente era puxado, das 23h às 7h30, saindo do trabalho direto para as aulas do Unilasalle-RJ, o que fez durante parte do curso. A vontade de estudar ela atribui a desejar fazer sua estreia na “cozinha quente”.

A jovem considera que o “Energia do Sabor” tem, desde junho, orientado “como fazer comida, para além de temperar arroz e feijão com alho ou Sazón”. “São modos de preparar que você se pergunta: por que eu nunca pensei nisso? Adorei fazer porco, por exemplo, nunca achei que um dia seria capaz”, recorda, “Sou perfeccionista com doces, mas quero fazer isso com salgados também, por isso a montagem dos pratos me anima muito. O que aprendo aqui, acho que nem na faculdade conseguiria, por conta dos contatos que temos tido”. Apesar da afirmação, se graduar em gastronomia está nos planos de Kyanne Yuma, assim como fazer pós em confeitaria, dar aula nesta área e até ser fotógrafa gastronômica. Sonhos não faltam, assim como no caso de Dayanna Silva. Quando questionada sobre seus projetos futuros a resposta faz os olhos encherem d’água: “Já estou realizando meus sonhos desde agora. O curso é um grande passo na minha vida, sofri um acidente de moto, machuquei a minha mão, achei que nunca mais conseguiria cozinhar, é uma superação para mim”.

Cardápio natalino    

Nada de tempero industrializado no almoço oferecido no dia 1º de dezembro. Em vez disso, batuto, uma mistura de bacon, alho, salsinha, tomilho, alecrim, manteiga e cebola. No arroz natalino ainda havia frango, tender, lombo, ameixa, uva passa, damasco, castanhas. De sobremesa, verrine com morango e chocolate, além de cookies em duas opções: gotas de chocolate e frutas cristalizadas.

 

 

Se Danielle já era só sorrisos antes mesmo de experimentar tantas iguarias, na hora da entrevista nem se fala. O prato foi aprovado pela química, tanto que a receita será testada no fim do ano. Na opinião dela, no entanto, há algo mais importante por trás daquela refeição. Confira o depoimento de Danielle na íntegra:  

“Eu acho a vinda dos jovens fabulosa porque é muito bacana ver a carinha deles em uma expectativa do tipo assim: ‘Oi, tudo bem?’ É como se estivesse escrito lá ‘Tomara que você goste!’ Precisamos incentivar os estudantes, pessoas que querem aprender, se aprimorar. Acima de tudo, acredito que a culinária exige cuidado, você faz uma comida muito gostosa para outra pessoa comer, e eles não sabem nem quem somos. Cada pratinho desses tem um carinho, atenção, dedicação, tem estudo, esforço e, além de tudo, tem frutas secas deliciosas. Mais do que a comida é a iniciativa, eles toparem vir para cá. É uma exposição, porque é o trabalho deles, fazemos críticas ao comer. Ressalto ainda a preocupação com a higiene, sempre todos de touca, cabelos bem presos, todos sorrindo, eu me amarro. Toda a vez que vejo a chamada da comunicação interna em relação a este evento faço questão de participar. E o melhor de tudo: estamos ajudando muitas pessoas, nos responsabilizamos socialmente. Agradeço a parceria do Unilasalle-RJ por vocês terem abraçado esta ideia”.   

Por Luiza Gould 

Fotos de Camila Reis

Ascom Unilasalle-RJ

 

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