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Na reunião com os amigos não vemos filas de cadeiras, podemos sentar no chão e falamos sobre o que vem à cabeça, sem uma pauta ou qualquer obrigatoriedade. Ouvimos, dizemos, conhecemos pessoas novas e presenciamos opiniões sendo expressas sem medo. E por que não imaginar um cenário assim no espaço universitário? Foi com esta ideia que a coordenadora do curso de Sistemas de Informação, Márcia Sadok, em parceria com outros professores, visualizou o “Desafios do mundo universitário”, um grande encontro reunindo calouros e veteranos de todos os cursos do Unilasalle-RJ.

“Pensamos em algo como o Alta Horas”, já adiantava Julio D’Amato, docente e psicólogo que guiou a conversa informal na manhã desta quarta-feira, 9 de março. Junto a ele as psicólogas Renata e Priscila de Magalhães Costa, a socióloga Adriana Arezzo e a professora Silvia Maria de Oliveira foram convocadas para o bate-papo que se repetiu às 20h30. Para Márcia a primeira experiência foi bem-sucedida: “Quisemos mostrar que não somos só nós como professores que trazemos conhecimento, essa partilha como a que tivemos hoje é fundamental assim como a interação de vocês com alunos de outros cursos”. 

 

A partilha citada pela professora foi também lembrada pelo reitor do Unilasalle-RJ, Irmão Jardelino Menegat, que participou do evento no turno da noite. Além de parabenizar os organizadores ele felicitou os alunos que “souberam aproveitar a oportunidade de aprender e ensinar, já que o nosso centro universitário abriga um processo de construção de aprendizagens, no qual o estudante aprende e ensina e o professor ensina e aprende”. O Irmão ainda correlacionou o debate com o tipo de ensino da rede: “As atividades realizadas com os calouros no sentido de que eles se sintam acolhidos está no próprio DNA das instituições educativas lassalistas”.

 

Dito isso, com vocês, as grandes estrelas: Veja alguns dos depoimentos dos alunos e quais assuntos surgiram nesta troca.

ESCOLHA DE CURSO

Bruno Barcellos, 20 anos, 1º período de Sistemas de Informação — “A escolha de SI foi fácil porque sempre fui desta área de lógica. Não sabia o que fazer no 3º ano, mas pensando nas minhas afinidades, como matemática e computador, conclui pelo curso. Acho que a dica é seguir o que você gosta porque se você for bom no que fizer se dará bem em qualquer lugar”.  

 

Israel de Almeida Matta, 22 anos, 2º período Engenharia Civil — “Aos 17 anos eu terminei o Ensino Médio, mas neste mesmo ano perdi meu pai. Sou comerciante de Maricá e fui obrigado pela vida a tocar junto com a minha mãe os negócios. Neste mesmo ano entrei na faculdade de Administração, a única que tinha na minha cidade. Ano passado terminei o curso e passei a gostar da área de construção, que era a do meu pai e com a qual me envolvi. Por isso estou fazendo agora a faculdade que sempre quis. Já me falaram que eu perdi quatro anos da minha vida fazendo Administração, mas eu não concordo com isso, aproveitei muitas coisas”.

 

SUPERAÇÃO

Paulo Renato Germano, 42 anos, 1º período Relações Internacionais — “Sou casado, tenho dois filhos, atualmente trabalho no Abel e já fui segurança de carro forte. Eu não esperava estar aqui, fazer uma faculdade para a qual consegui bolsa. Hoje já lavei o banheiro, fiz arroz e estou agora ao lado de jovens de 17, 18 anos. É um desafio muito grande, está sendo tudo novo, mas é muito bom ao mesmo tempo”.   

 

Ronaldo Corrêa de Lima, 21 anos, 1º período de Administração — “Temos que ter consciência de que somos privilegiados. A parcela das pessoas que está na universidade é pequena. É normal você chegar em uma roda de amigos com uma condição financeira menor, perguntar ‘O que você quer fazer de faculdade?’ e rirem de você, chamarem de ‘burguês’. O nível de analfabetismo ainda é grande, muitos não conseguem terminar o Ensino Médio. Precisamos batalhar por um mundo melhor e aproveitar as oportunidades que surgem. É algo novo em minha vida, sempre quis ser lutador, treinei até os 18 anos e parei por causa de uma lesão, mas estou muito feliz por estar aqui hoje fazendo Administração”.

 

Raphael Abreu, 23 anos, 8º período de Sistemas de Informação — “Eu gostava de computação, mas na época que escolhi o curso era o que estava na moda e no fundo queria atuar em uma empresa grande para ganhar dinheiro. Com o tempo vi que o meio acadêmico tem mais a oferecer. Acho que ninguém deve entrar pensado só em mercado, vocês vão conseguir algo para a vida e pode ser mais amplo, podem seguir com mestrado, doutorado. Outra lição que levo é que tudo o que aprendemos é útil em algum momento”.

 

TECNOLOGIA

Isaac Cezar da Silva Barbosa, 17 anos, 1º período de Relações Internacionais — “O uso atravessado da tecnologia no cotidiano é só um flagrante do real problema. Bauman afirma que a nossa constituição enquanto sociedade moderna é líquida. O problema em si é a qualidade do nosso foco. Hoje encontrar uma pessoa focada é tão simples quanto encontrar alguém fluente em dinamarquês. Os nossos interesses são como cabides no armário, se alternando ao sabor das estações. A tecnologia é aliada, o nosso inimigo de fato é a distração”.

 

LADO HUMANO NO ENSINO

Thiago de Oliveira, 38 anos, 3º período de História e integrante do Núcleo de Ação Comunitária — “O Unilasalle-RJ para mim tem o objetivo de formar não somente o aluno, mas a pessoa, o ser humano. É como me falaram uma vez: ‘Vamos pegar o canudo, o diploma e colocar na parede somente? É só para isso que serve o curso universitário?' Será que não podemos fazer a diferença na vida de alguém, com atos bons e solidários?’ Aqui há esta preocupação. Eu faço História e tive dificuldade no início, foi um baque, pensei em sair, mas entrou o diferencial da universidade, os professores que me acolheram”.  

 

INSTITUIÇÃO PARTICULAR X INSTITUIÇÃO PÚBLICA

Júlia Santos Duarte, 18 anos, 1º período de Relações Internacionais — “Até o 2º ano do Ensino Médio tinha na minha cabeça que só faria universidade se fosse pública. No 3º ano passei a ter contato com pessoas dos dois mundos e vi que não era bem assim. Muita gente fala ‘Você só está aqui porque não passou para federal’. Eu nem cheguei a tentar e não me arrependo por ter escolhido faculdade particular. Há programas muito bons e as aulas parecem conversas, passam muito rápido, não consigo sentir cansaço. Hoje eu tenho a visão de que posso ganhar uma base maravilhosa que de repente não ganharia em faculdade pública. Penso em colocar meus filhos, quando os tiver, em uma instituição particular porque compensa”.

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