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Já era previsto há alguns meses que aquele 31 de agosto entraria para a nossa História.  De um lado, os que clamavam pela saída de Dilma Rousseff, de outro os defensores da manutenção do governo. Todos lidando, à sua maneira, com a decisão por 61 votos a favor e 20 contrários, do afastamento. Discussões acaloradas à parte, quais as consequências do impeachment da presidente eleita à política externa brasileira? Foi para falar do período pós-cassação, que o Diretório de Relações Internacionais decidiu trazer para a roda de conversa o grande tema de 2016, no “IV De frente com o DARI”. O encontro, reunindo futuros internacionalistas, ocorreu no dia 8 de novembro, com a presença do debatedor Thauan Santos (PUC/RJ) e moderação de Paulo Victor Sanches (Unilasalle-RJ)

A importância da preocupação com as assimetrias regionais foi abordada logo no início da palestra. Santos ressaltou que para lidar com elas é necessário investimento em infraestrutura, mostrando que a PEC 241 (proposta de emenda à Constituição. Pretende estabelecer um teto de gastos, limitando o crescimento das despesas do governo) tem um fortíssimo impacto neste tipo de investimento em detrimento de outras agendas. O professor da PUC fez ainda uma análise positiva dos anos de Lula no poder, principalmente no que se refere à política externa, tendo em vista que, nesse período, o Brasil se afasta da ideia de América Latina e foca em um projeto de América do Sul.

A crise política vivida pelo Brasil após as eleições de 2014, também foi assunto. “Neste momento a presidenta Dilma personifica a crise e isso acaba culminando na abertura de um processo de impeachment e na futura concretização de um golpe”, opinou o palestrante, utilizando um termo muito empregado pela defesa da ex-presidente. Michel Temer e o atual Ministro das Relações Exteriores, José Serra, não ficaram fora da pauta. Thaun Santos analisa que, na atual gestão, o Estado “perdeu o papel de planejador de questões estratégicas, pois a política externa está sendo instrumentalizada para fins comerciais”.

Ele citou a reação brasileira aos países que se posicionaram contra o impeachment e falou, ainda, sobre os pontos onde o Mercosul deixou de avançar, por “falta de um cuidado em relação à integração regional”. O encontro teve seu encerramento na tarde de terça-feira com um alerta de Santos: “Estamos vivendo em uma espécie de Guerra Fria, tamanha a bipolaridade do cenário mundial, mas, principalmente, brasileiro”.

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