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Subida o Pé Pequeno; projetos que deixarão legados; a despedida. Confira o que rolou na 2ª semana

O francês Antoine Brasset está encostado na parede do único cômodo da casa de Ana Paula Santos. Em determinado momento, olha para o lado. Foi uma das meninas, reunidas no pequeno vão entre a TV ligada e a cama, que reparou as letras escritas ao lado de pedaços descascados de reboco. Ana Paula, Myllena, Cayo, Emyli e Joilson. Estão ali listados os nomes dos cinco de seis integrantes da família, dos cinco de seis moradores daquele espaço, interditado pela Defesa Civil por risco de desmoronamento. Ana Paula responde cheia da habitual simpatia a cada pergunta dos estudantes, e deixa eles segurarem no colo a bebezinha de poucos meses. Myrella Angel é o nome que ainda falta incluir na lista da parede. Em outro ponto da comunidade, Fernando também recebe visitantes. É um outro grupo de jovens, falando línguas que não são a dele. Cabe a Livia Ribeiro, coordenadora da Ação Comunitária, fazer as traduções. Quantas pessoas moram nesta casa? “Sete”. Como a água chega até aqui? “É preciso buscar” Com o que você trabalha mesmo estando desempregado agora? “Faço de tudo, o que pintar e não for errado estou fazendo”. Se você pudesse resolver um dos seus problemas, qual seria? "Onde a casa está... É muita água que entra quando chove". No sofá, as duas meninas olham para tudo ao redor. Uma é sobrinha de Fernando, a outra irmã. Abrem sorrisos ao receberem elogios pelos seus penteados. Algumas horas depois, elas estarão brincando com os amigos recém-conhecidos perto do campo de futebol, junto a muitas outras crianças. Os meninos e meninas do Pé pequeno estão por todo o lado. No colo da mexicana que brinca no balanço, nas costas da catalã que corre por entre os brinquedos, na rede de pernas que se forma no campo durante a partida de futebol. Na disputa, o time da casa joga contra o time das mais diferentes nacionalidades. Tudo é novidade nesta manhã e os mundos se encontram no toque das mãos da americana com o bebê brasileiro.


Veja fotos da subida dos lassalistas ao Pé Pequeno nesta segunda-feira, dia 23 de julho. E acompanhe por aqui o resumo do que vai rolar em cada dia, na última semana do Summer Program!

Propostas de projetos para o Pé Pequeno

“They can say I’m a dreamer, but I’m not the only one” (Eles podem dizer que eu sou uma sonhadora, mas eu não sou a única). Foi com essas palavras que Livia Ribeiro iniciou sua fala de agradecimento, após ouvir as ideias de cinco grupos para a implementação de melhorias no Pé Pequeno. Algumas horas antes, a coordenadora da Ação Comunitária e sua equipe anotavam atentas cada detalhe do que diziam jovens da Argentina, Brasil, Bolívia, Peru, Filipinas, Espanha, França, Estados Unidos e México. Divididos por suas nacionalidades, cada time recebeu a missão de elaborar um projeto que pode vir a gerar frutos. A semente foi plantada no dia anterior, quando os lassalistas puderam conhecer os moradores da comunidade, entrar em suas casas, escutar suas histórias, brincar com seus filhos. Prova de que a experiência os marcou estava no cuidado com o desenvolvimento dos trabalhos, cujo nível foi avaliado por Juan Carlos Rivera, instrutor da Colômbia, como o melhor de todas as edições do Summer Program.

As propostas levaram Livia às lágrimas após as apresentações. “Eu cheguei aqui há quatro anos e não tínhamos a Ação Comunitária nesta instituição. Depois de todo o trabalho ao longo deste tempo ver tantas pessoas, de tantos países, tentando achar soluções conosco é incrível, é realmente importante”, frisou.


Confira abaixo a proposta central de cada projeto:

Pensar no outro e também em si

Se de tarde os lassalistas voltaram-se para o outro, mais cedo a proposta era entender a si mesmo. Aquela foi a primeira atividade do Summer Program com Hayden Green, professor da Manhattan College, dos Estados Unidos. Green chegou na última segunda-feira, mesmo dia em que o instrutor Keane Palatino, dos Young Lasallians, se despediu, depois de mais uma das suas características dinâmicas. A proposta na estreia do americano foi discutir a identidade. “Quem é você?”, perguntou, apontando para um dos alunos. “Meu nome é Fernanda, mas meus amigos me chamam de Ferna. Amo esportes e estudo comunicação porque quero ser mulher no jornalismo esportivo, o que é difícil, mas quero conseguir”, respondeu a graduanda da Universidad La Salle México.

Green distribuiu post-its para cada lassalista classificar em uma palavra, ou número, sua religião, gênero, classe, raça, orientação sexual, habilidade, nacionalidade, idade e etnia. As contribuições anônimas ajudaram depois a montar um painel no Auditório La Salle. “O que estou pedindo para vocês fazerem é que me digam o que identifica vocês. O que estou pedindo para vocês fazerem é que me digam o que os constitui”, resumiu o professor.


O índio Thini-á, da tribo Fulni-ô, tem em sua fala toda a certeza do que é. Pernambucano que roda o país para contar sua história de vida, Thini-á veio ao Unilasalle-RJ para unir os primeiros fios que prometem ser tessitura em setembro. Após exposição em 2014 no Unilasalle-RJ, Thini-á dialoga com a coordenadora da Galeria La Salle, Angelina Accetta, para uma nova empreitada no segundo semestre. Angelina aproveitou a visita para promover um breve encontro dele com as diferentes culturas que compõem o Summer Program.

Apresentação dos trabalhos internacionais

Ampliar a identidade lassalista e os laços que unem os integrantes da Rede em nível global. Na sexta-feira, dia 27, esse era o mote por trás de cinco entre seis trabalhos dos grupos internacionais. As ideias foram da criação de um portal (projeto La Salle Conect) a eventos acadêmicos desenvolvidos em diferentes países e depois comentados em videoconferência (projeto Bringing the world to lasallian). A proposta que destoou das demais foi a do grupo 4, composto por Laia Sánchez (La Salle Barcelona), Fernanda Rodríguez (Universidad La Salle México A.C.), Saúl Toledo (Universidad La Salle Noroeste), Fabian Alvarez (Saint Mary’s University of Minnesota), Jan Edra (De La Salle University, Manila) e Carolina Pyhamburu (La Salle Florida). O time propôs um programa um programa de financiamento para líderes lassalistas.

Ao fim das apresentações, os alunos acompanharam as observações e conselhos de Marie Lummerzheim, coordenadora do Escritório Internacional da La Salle Beauvais, na França. “Gostaria de agradecer a todos, porque vi ontem os trabalhos e posso atestar agora que vocês fizeram grandes progressos. Essas são ideias maravilhosas, mas o que vamos fazer agora? Vocês são estudantes representativos, são líderes, e tem mais poder do que acham que tem”, afirmou, Marie, deixando ainda um recado: “Depois desse programa, depois de terem mais em vocês os valores lassalistas, eu acho que a coisa simples que vocês já podem começar a fazer no retorno de vocês é dar o feedback do que viveram aqui para as pessoas certas”. Marie recepcionará os próximos estudantes do Summer Program já que o programa ocorrerá em seu país no ano que vem.

Falar na volta para casa foi recorrente naquela sexta-feira. Afinal, no sábado, dia 28, era a hora de pegar as malas e se despedir do Brasil. Antes, no entanto, na tarde daquele dia, eles ouviram as palavras de despedida do Irmão Jardelino Menegat – dentre elas, a afirmação “Vocês nos ensinaram a ser lassalistas” –, além de receberem certificados de liderança pela participação. Logo ao lado da pilha de certificados, uma caixa misteriosa os esperava. A história sobre ela havia sido lida minutos antes por Jackie White. O tesouro contado na história, que motiva a saga do protagonista, contém toda beleza, sabedoria e riqueza do universo. Ao olhar dentro da caixa, um espelho revelava do que se tratava, de fato, o tesouro: cada um dos lassalistas. E, como na história, o protagonista conta com a ajuda de muitos, também no Summer Program todos os 36 alunos precisaram estar unidos para descobrir a si mesmos. 


Por Luiza Gould (texto e fotos)

Ascom Unilasalle-RJ


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