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A caixinha de música, a bola de gude, o relógio passado de geração em geração, a foto já desbotada pelo tempo, o desenho feito para a mãe na pré-escola. Na vida de cada um, objetos especiais compõem “um relicário imenso deste amor”, como poetizaria Nando Reis. Com o objetivo de trabalhar os conceitos de memória e sagrado, a professora Angelina Accetta transformou a Varanda Cultural em sala de aula para a disciplina “Ser humano e fenômeno religioso”, na última terça-feira, dia 11.

A proposta do evento “Arte e História ao ar livre” era simples: os futuros historiadores, hoje no 4º período, deveriam levar algo simbólico de suas vidas, criando uma caixa para guardar esta relíquia. Ao final, os discentes foram convidados a deixar um depoimento relacionando as lembranças ao significado da palavra sagrado. Bruno Ribeiro, de 35 anos, foi um dos que compartilhou narrativas. O avô lutou na Itália contra os nazistas, pelas Forças Expedicionárias Brasileiras, durante a Segunda Guerra Mundial, deixando ao neto recordações físicas daquela época. “O sagrado para mim está nesta moeda, representando a luta dele, e nos alfinetes, que fazem alusão a alguns dos países aliados, como Estados Unidos, Inglaterra e Brasil”, explica.

Anna Beatriz Sardinha, de 20 anos, trouxe várias heranças para o seu relicário. Pérolas, representando o mar, as patinhas dos cachorros Pingo, Tedy, Pretinho e Pandora, carimbadas com tinta, o crucifixo como marca do catolicismo, sua religião, além da família: “A renda simboliza a tessitura de um tecido vivo: meus pais e eu, juntos também na fotografia”. Já a amiga Marcela Paranhos, de 22 anos, associou as pessoas queridas a pedras, “pois elas significam fortaleza, formação, eternidade”.    

“O sagrado sempre acompanhou o ser humano. Tudo aquilo que nos remete a um sentimento de emoção se torna sagrado”. A definição do aluno Robson França Avelar é, para Angelina Accetta, uma boa síntese da proposta de sua aula. Ela acompanhou de perto a construção de cada relicário. No caso de Avelar, foram dois os objetos escolhidos. O relógio o recorda tanto da rotina militar, nos tempos de 2º tenente do Exército, quanto do pai, que conferiu as horas na peça desde quando o ganhou, em 1994, até o dia do seu falecimento, “num sábado ensolarado de 2014”.  

Do pulso, ao rosto. O graduando, de 41 anos, também guarda com carinho os óculos, usados dos 7 aos 39 anos, só deixados de lado um mês antes da perda de seu maior companheiro. O pai o acompanhou na cirurgia de miopia. “Os óculos guardam uma visão ampla de percepção da minha trajetória”, conclui. 

 

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