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Se a Google adquirisse a Apple amanhã, por que as pessoas continuariam a comprar o tablet, o iPhone? Onde está o valor? Na marca ou na tecnologia? Foi assim, com perguntas que colocam para pensar, que Ana Cristina França, da Apsis Consultoria Empresarial, trouxe para o Unilasalle-RJ a palestra “O impacto da sustentabilidade no valor das empresas”. O encontro, voltado para os alunos das Engenharias e de Sistemas de Informação ocorreu na última quinta-feira, 15 de setembro, no Auditório La Salle.

Com experiência de 25 anos na prática de avaliação de empresas, Ana Cristina deu detalhes sobre seu ofício, além de apresentar cenários e definir alguns termos corriqueiros no mundo dos negócios, como valor, “aquilo que buscamos, a perspectiva futura das companhias”. Gráfico exibido ainda no início da conversa mostrou as mudanças significativas desse conceito ao longo dos anos, a partir da diferenciação feita pela engenheira de dois tipos de bens: “Uma consultoria americana pegou o somatório de valor de todas as empresas daquele país negociadas em bolsa desde a década de 1970 e viu como ele é dividido entre os bens tangíveis, que são aqueles que tocamos, o imóvel, o equipamento, o estoque, e os bens intangíveis, que não existem fisicamente, sua marca, seu software, a carteira de clientes, os relacionamentos”, explicou.

No passado, as empresas eram constituídas por 83% de bens tangíveis e 17% de intangíveis, mas os números se invertem no século XXI. “A pesquisa mostra que agora o valor é uma soma de 16% de bens físicos com 84% de bens imateriais”, contou a palestrante, concluindo, “Isso mostra que o que antes era avaliado em cima de equipamentos, atualmente é em cima de uma promessa. A marca Coca-Cola é um nome que você associa ao líquido, carregando a expectativa da qualidade”.  

Segundo Ana Cristina França, a inteligência de trabalhar em cima de como o mercado olha o produto, “que em si virou commodity”, sobrepôs o tamanho da capacidade operacional até pelo fato das grandes multinacionais já terceirizarem seus parques industriais. Dentro do abstrato, está outro ponto chave da fala da consultora: a sustentabilidade, entendida no âmbito corporativo pela expressão em inglês triple bottom line, ou a união entre os aspectos ambiental, social e econômico-financeiro. Para medir cada uma destas características, a BM&Bovespa criou em 2005 o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), iniciativa pioneira na América Latina.  

O balanço mais recente do ISE, de novembro do ano passado, traz um Raio-X de como são estas empresas e foi exibido para os graduandos. “Podemos ver que em 56% dessas instituições tem uma mulher ou mais no Conselho de Administração; 75% das firmas incluem na pauta temas socioambientais nas reuniões de conselho, que antes debatiam somente capital financeiro; 93% adotam procedimentos de avaliação de potenciais impactos. Nesse último caso, tenho sempre em mente uma apresentação da Natura, na qual a direção afirmou que eles já zeraram a emissão de carbono proveniente do que extraem e estudam práticas para daqui a 20 anos”, relatou Ana Cristina.

 

Outros números selecionados pela engenheira revelaram como a sustentabilidade é tendência. Empresas que a utilizam chegam a ter o dobro de rentabilidade. Ao mesmo tempo, elas apresentam baixo índice de volatilidade, a subida e queda na bolsa observada, por exemplo, na Petrobrás. A descoberta de um novo poço de petróleo promove um salto positivo, o escândalo de corrupção outro negativo, do dia para a noite. Já que o desenvolvimento sustentável leva em conta médios e longos prazos, medindo riscos, a estabilidade é maior.  

Antes da abertura para perguntas, Ana Cristina tratou do valor intrínseco, aquele que o mercado ainda não percebe. “De repente você tem um auditório metade ocupado. E se eu trouxer uma palestrante mais animada, um assunto mais interessante? Posso ampliar o número de pessoas”, ilustrou, “A empresa tem que ter sempre este olhar, precisa estar com o auditório lotado, usar ao máximo aqueles recursos que entram dentro da sustentabilidade, produzindo resultados”.    

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