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Redes sociais, e-mail, celular e games estão à esquerda. No canto oposto, aparecem as viagens, as atividades ao ar livre, a leitura, a família, os amigos. Um dos maiores desafios da contemporaneidade talvez seja equilibrar os dois polos, problema que levou o trio Adriano Cupello, Rafael Faustini e Marina Rangel a confeccionar uma balança para a abertura de “A Humanização da Tecnologia”. Em cada bandeja, pesos representam as diversas maneiras como andamos passando o nosso tempo. A ideia parte dos calouros de Sistemas de Informação na primeira mostra de uma turma do curso na Galeria La Salle. Angelina Accetta, coordenadora do espaço, não poderia esperar surpresa maior do que essa na inauguração, dia 6 de junho.

Além de representante do caminho artístico do Unilasalle-RJ, ela também ministra a disciplina “Ser humano e fenômeno religioso”, na qual a fagulha para aproximar a tecnologia da cultura foi acesa. A proposta era incentivar os alunos a pesquisarem imagens que ilustrassem como as inovações da ciência têm modificado a relação entre os indivíduos. “Trata-se de investir na criação de competências suficientemente amplas que lhes permitam aplicar criativamente as novas mídias, seja em usos simples e rotineiros, seja em contextos mais sofisticadas”, justifica Angelina, “Trata-se também de formar indivíduos para ‘aprender a aprender’, de modo a serem capazes de lidar positivamente com a contínua e acelerada transformação da tecnologia”.

O “lidar positivamente” a que a professora se refere passa pelo senso crítico de quem reconhece o quanto tem sido afetado por um mundo cada vez mais virtual. Lohan Conrado Reis, de 18 anos, por exemplo, escolheu como obra representativa do tema a mão que tecla. “Hoje tudo é globalizado e se dá pelo toque, temos uma tendência a usar menos, inclusive, outros sentidos”, argumentou. O mapa presente na fotografia, por sua vez, tinha a função de discutir a interação do ser humano: se os dedos estão no teclado, qual o convívio que o homem passa a ter com o seu semelhante?

A mesma questão motivou Natália Cabral Andrade, de 26 anos, a criar uma história através da composição de três imagens. A mulher olha em dúvida para a tecnologia que abole distâncias, mas também que pode consumir. “Eu quis analisar este paradoxo, nos afastamos e nos aproximamos ao mesmo tempo. Uma das imagens que eu trago é a paródia da pintura ‘O Grito’ (do norueguês Edvar Munch)”, contou a aluna. Na versão do artista Jack Larson, o desespero toma conta dos rostos de caveira, que seguram celulares.

INSTALAÇÃO       

A tecnologia ganha diferentes contornos na exposição, afinal, é ela também que permite ao homem amputado andar, aspecto lembrado na Galeria. Para o trio citado no início desta matéria, no entanto, o grande ponto não é a dicotomia bem/mal, e sim a divisão consciente do tempo empregado em cada atividade. Coube ao discente Adriano Cupello explicar: “Essa é uma metáfora da nossa vida, mostrando que precisamos ter o equilíbrio entre o online e o offline. A instalação é interativa, quem vier pode organizar os blocos da sua maneira. No meu caso, eu passo muito tempo em redes sociais, logo, colocarei neste lado da balança três blocos referentes a isso. Jogo, uso o celular, mas não tanto quanto as redes, então será um bloco para cada. Já no outro extremo, eu leio bastante, mas tenho cuidado pouco da saúde, feito pouca atividade física e dormido pouco, então essas ações ficam de fora”.

 

Depois de montado o cenário, o convite é para que o visitante tire uma foto da sua balança e poste com a hashtag #BalanceYourTime. A equipe pretende gerar, a partir das imagens, um relatório sobre como as pessoas têm usado o seu tempo. Desta forma, “A Humanização da Tecnologia” alcança a prática tão ressaltada por Angelina. “Educar para a informação é ir além de treinar as pessoas para o uso benéfico das tecnologias”, conclui a professora. 

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