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“Um alimento tão simples, pode ser levado às mesas mais contemporâneas dos grandes chefs em âmbito mundial de forma muito sofisticada”. Essa é apenas uma das dualidades a serem elencadas quando se fala de pão, no olhar da historiadora que tem nele um objeto de estudo, a portuguesa Ana Roldão. Autora, junto da crítica Luciana Fróes, do livro “Rio, paisagem gastronômica” (Nau das Letras, 2016), Ana assina com Angelina Accetta a montagem da exposição fotográfica “O Pão Nosso”, na Galeria La Salle, e é uma das organizadoras da 5ª edição da Feira Gastronômica do Unilasalle-RJ. Ambos os eventos, interligados e gratuitos, começam na próxima segunda-feira, 19 de março.

O pão será o tema a unir mostra, palestras e workshops no evento que agita o cenário culinário niteroiense a cada ano. O foco, no entanto, segue sendo apresentar os cursos da instituição voltados para a gastronomia, como explica Cris Gonzalez, também responsável pelo evento, ao lado de Ana e do chef Vicente Maia: “A nossa ideia é valorizar a prata da casa, toda a equipe por trás da estrutura que temos aqui. Os alunos vão poder expor seus produtos finais, praticando conceitos aprendidos no Unilasalle, desde a parte da gestão até operacional e venda. Cada barraca será referente a um curso da Escola de Gastronomia e terá a representação de um tipo de pão. Outra novidade são os alunos de Confeitaria produzindo bolos durante o evento na Galeria”. 

 

Alunos do projeto Jovem Confeiteiro colocando a mão na massa: curso será um dos divulgados na Feira

Ao todo, a feira contará com dez barracas para venda de produtos, roda de conversa na abertura, relançamento do livro “Rio, paisagem gastronômica”, nove workshops para os 30 primeiros presentes, contemplando a culinária brasileira, italiana e contemporânea, além da exposição “O Pão Nosso”. Na mostra, Ana traz reflexões bíblicas e de autores como Clarice Lispector acerca do pão em tecidos de linho, além de contar a história do alimento por meio de banners. A Santa Ceia pintada por Leonardo da Vinci ganhará mais de três metros e meio de largura, em trabalho de composição e pesquisa dos graduandos de História. Para dialogar com a temática, Beatriz Siqueira e Fernando Talask trazem o registro do processo de preparação de diferentes pães por alunos da Gastronomia ao longo de uma semana.         

“O pão é simbólico, é o alimento essencial do homem, é o que traz o sorriso à pessoa que está com fome. Também é simbólico na religião, o fermento representa a corrupção, por isso a ligação dos judeus com o pão ázimo, que é preparado sem este ingrediente”, pontua Ana Roldão, “O encontramos ainda como suporte da refeição. Os portugueses, por exemplo, utilizavam para a sopa e depois comiam também o pão. Meu interesse começou estudando os museus do pão espalhados pelo mundo, há uma longa história do trabalho das artes plásticas com ele”.

Acima, detalhe de um dos panos de linho que irá compor a mostra. Abaixo, Ana Roldão posa entre Angelina Accetta (à esquerda) e Cris Gonzalez (à direita) 

A comunhão é o elo, para Angelina Accetta, coordenadora da Galeria La Salle, entre o pão e o ato de criar. “Há o sagrado no pão, assim como na Galeria, onde temos o olhar fora do óbvio, o conhecimento que se dá a partir de ressonâncias. Tanto a arte quanto o pão carregam a comunhão no sentido de partilha, diálogo, encontros. Temos a oportunidade de comungar o olhar com o apreciar, o fruir e o transformar nesta Feira Gastronômica”, conclui.

 

Por Luiza Gould

Fotos de Beatriz Siqueira, Fernando Talask e Luiza Gould

Ascom Unilasalle-RJ

 

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