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Praça Getúlio Vargas, Icaraí. No endereço de frente para a Baía de Guanabara, os autores deixam as orelhas dos livros e o público a solidão da leitura em casa para interagirem todo o domingo de tempo bom, desde 22 de junho de 2008. O movimento “Escritores ao Ar Livro” proporciona esses encontros para bate-papos e venda de obras, uma experiência que agora será contada no Unilasalle-RJ. No próximo dia 30, sete integrantes do grupo dividem suas experiências, apresentam poesias e lançam trabalhos em uma noite voltada para a literatura.

“Começamos com cinco escritores e hoje somos mais de 50, embora nem todos consigam estar presentes sempre. É um espaço aberto a escritores, artistas, fotógrafos, pintores, amigos que gostam da poesia, com uma média de frequentadores em torno de 35 pessoas”, adianta Paulo Roberto Cecchetti, um dos organizadores, “Ao mesmo tempo que descobrimos novos leitores, podemos dialogar, conhecer colegas da área”. 

O movimento, recentemente documentado em vídeo por alunos da Universidade Federal Fluminense (UFF), teve início com nomes como Sávio Soares de Sousa, Laura Botelho, Gracinda Rosa e Luís Antônio Pimentel. O último, falecido aos 103 anos, foi membro das academias Fluminense e Niteroiense de Letras, presidente de honra do Grupo Mônaco de Cultura e fundador da Sociedade Fluminense de Fotografia. Hoje tem seu busto eternizado na praça, uma homenagem dos amigos inaugurada há dois anos. A verba veio dos próprios escritores, que cotizaram a despesa e pagaram uma artista plástica. A partilha também é responsável pelas confraternizações do “Escritores ao Ar Livro”, como mais recentemente o Dia dos Pais. Cada autor leva um prato de doce ou salgado, bebidas e está armada a festa.

Cecchetti avalia que embora não haja financiamento por parte de nenhum órgão público ou empresa, “tem sido gratificante” essa experiência de nove anos: “Já vivemos situações únicas aqui. Lembro de ter sido procurado por escritor da Região Oceânica de Niterói, o jornalista Milton Mattera, a quem ajudamos na produção do seu livro de crônicas. A notícia do lançamento saiu nos jornais alternativos da cidade e uma prima, que não o via há mais de vinte anos, veio revê-lo na praça. Nunca vou esquecer a expressão de alegria no rosto daquele homem”.

Essas e outras histórias serão contadas por Paulo Cecchetti, Alberto Araújo, Belvedere Bruno, H. Francisconi, Márcia Pessanha, Robert Preis e Sávio Soares de Sousa, das 18h às 20h, na Varanda Cultural. Para Ceccheti, é uma oportunidade de plantar a sementinha da leitura em mais pessoas. “Eu também integro a Academia Niteroiense de Letras e, certa vez, fomos apresentar a ANL para estudantes de uma escola pública municipal. Logo que chegamos, um adolescente disse-me que não lia nada porque não gostava. Decidimos sortear um livro, ele ganhou e ficou lá folheando as páginas. Ou seja, sempre vejo esses momentos, como o que teremos no Unilasalle-RJ, enquanto oportunidade de conversar com um potencial público”. 

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