Eu sou escritora, atriz, contadora de histórias e eu quero começar o meu agradecimento contando uma história. Um rapaz, um belo dia, entrou em uma linda loja, bem colorida e viu um senhor no balcão. Então, lhe perguntou: “Senhor, o que se vende nesta loja?”. E o senhor respondeu: “Dons da vida”. “E quanto custam esses dons?”. O senhor respondeu: “Não custam nada, rapaz. Nas prateleiras temos jarros de amor, potes de esperança, caixinhas de vida e fé, fardos e mais fardos de perdão e paz”. O rapaz, maravilhado, encomendou muitos jarros, pacotes, caixinhas, tudo em grande quantidade, para ele, seus amigos e sua família. O senhor lhe entregou tudo, numa pequenina caixa. O rapaz, curioso, indagou: “como pode caber tudo num pacote tão pequeno?”. “Caro rapaz, na loja da vida não vendemos frutos e sim, sementes. Comece a plantá-las”.

Essa história me fez lembrar as sementes que o Irmão Amadeu cultivou ao longo da vida. Eu conheci um Irmão Amadeu um pouco diferente de vocês: o meu padrinho, que brincava comigo. Um homem comprometido com sua missão de fé, com o seu trabalho, que me mandava cartões postais de diversas partes do mundo para se fazer presente. Ele plantou em mim sementes de amor. Todos os anos nós viajávamos para a sua terra natal, o Rio Grande do Sul, para visitar a família. Ele plantou em nós sementes de união. Ele adorava jogar bocha e se reunia com seus amigos às sextas-feiras num clima de muita descontração e alegria. Plantou sementes de amizade. A Casa Abel era o seu refúgio, seu lugar de plantar sementes de paz. Apesar de sua posição de diretor do Instituto Abel, o vi inúmeras vezes se misturar entre as crianças na hora do recreio, com um sorriso de menino e um abraço acolhedor, que fez da escola onde estudei a minha vida inteira o meu porto seguro, a extensão da minha casa. Nossa, quantas sementes plantadas, quantas lições colhidas. Hoje nós colhemos os frutos de tantas sementes espalhadas, que enchem o nosso coração de orgulho e gratidão por esta vida dedicada à educação.

Termino o meu discurso de agradecimento com uma poesia de minha autoria, uma semente que Irmão Amadeu deixou plantada no meu coração.

Esse sonho, o sonho de realizar.

Nos seus dias, caça sonhos e, se acaso o destino deixar, faça-os

Aconteça e, na luz da sua alma, permaneça

Enquanto o mundo corre lá fora, aflora, abre a janela, avista borboletas

Brancas, azuis, amarelas ou pretas

Voa, voa alto, conta estrelas

Conta, reconta, faz palavra virar história

Memória Inspira, transpira, transborda, há tanta vida lá fora...

Viva

Eu, em nome da minha família, agradeço a Deus por este momento, pelas doces lembranças, pelo título, pela honrosa homenagem concedida à memória do Irmão Amadeu. Ao Conselho Superior do Unilasalle-RJ, muito obrigada. Boa noite.



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