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Novo semestre começa para alunos e veteranos de diversos cursos com palestras sobre temas relevantes a cada área

O que une um território disputado por Venezuela e Guiana à arquitetura do Marrocos? O que une o advogado de uma vítima de violência doméstica a 27 pesquisadores escrevendo sobre suas próprias trajetórias? As respostas se resumem a um só nome: Aulas Inaugurais. Esse modelo de palestra que acontece todo início de semestre foi adotado por algumas das graduações em 2024.1, aproximando alunos de discussões atuais e/ou relevantes de suas áreas de atuação. Confira nesta matéria o que foi abordado em cada uma delas.

RELAÇÕES INTERNACIONAIS (13/03)

A Aula Inaugural de RI em 2024.1 contou com a apresentação do panorama das incertezas na América do Sul a partir da visão de um pesquisador brasileiro nascido em Madri: Paulo Velasco, professor de Política Internacional da Uerj e figura com destaque na mídia. A palestra reuniu reflexões sobre as dinâmicas sociopolíticas e econômicas vividas pelos nossos vizinhos bem como a relação do Brasil neste contexto. “A América do Sul vive um momento marcado por desafios de toda sorte, tensões, disputas fronteiriças, questões históricas que voltam agora, como Essequibo. E o Brasil tem um papel a desempenhar, por ser lido internacionalmente como síndico da sua região ou, para usar um termo do Embaixador Roberto Abdenur (já assumiu este papel no Equador, Alemanha, Áustria, Eslováquia, Croácia e Washington), o Brasil como articulador de consensos”, resumiu Velasco no início de sua fala.

Naquela mesma noite, os melhores Trabalhos de Conclusão de Curso do semestre 2023.2 foram premiados pela coordenação. Conheça abaixo os alunos homenageados:

Melhor TCC
1º lugar: Victoria Dandara Maximiano Rodrigues, com o projeto AGRO É POP, AGRO É TECH, AGRO É TUDO? Uma análise da indústria do agronegócio como mecanismo intensificador da dependência externa brasileira (2000 - 2016)
2º lugar (menção honrosa): Maurício Mendes Brugger, com o projeto SR-71 BLACKBIRD: O avião que “venceu” a Guerra Fria
3º lugar (menção honrosa): Caroline Tschaffon Gaudie Ley, com o projeto ASCENSÃO GLOBAL: Estratégias e Impactos da Internacionalização da Emirates Airline

TCC mais inovador
1º lugar (menção honrosa): Gabriel Góes da Cunha Belo, com o projeto A queda da Engenheiros Especializados S.A. (Engesa) e a crise da indústria bélica do Brasil
2º lugar (menção honrosa): Amanda Maia Cunha, com o projeto BERTHA LUTZ: Um estudo sobre a pioneira dos direitos femininos e seu legado para a política externa brasileira
3º lugar (menção honrosa): José Henriques de Oliveira Jardim Neto, com o projeto NATION BRANDING E SPORTSWASHING NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS: Uma análise sobre o uso do futebol como instrumento de Soft Power por Catar e Emirados Árabes Unidos

Destaque acadêmico
1º lugar: Gustavo Henrique Periard Assis Silva
2º lugar empatados (menção honrosa): Amanda Maia Cunha Victoria
Dandara Maximiano Rodrigues
Ana Gabriely Vicente Silva

DIREITO (18/03)

No mês das mulheres, as Aulas Inaugurais do turno da manhã e da noite do curso de Direito foram um convite à reflexão sobre o direito feminino ao trabalho e a atuação prática do advogado iniciante nos casos de violência doméstica. O primeiro tema foi debatido por Cibele Carneiro, coordenadora e docente da Faculdade de Direito da UFF, que exemplificou como os desafios enfrentados pela mulher antecedem a contratação: “O julgamento e o constrangimento começam antes da vaga de emprego, mesmo que a CLT, nos dispositivos de proteção à mulher, diga que é proibido exigir exames de gravidez e fertilização. Quatro em cada dez mulheres  contam que já foram discriminadas em processos seletivos ao revelarem a maternidade”.


Eis outro dado, dessa vez divulgado pelo DataSenado em novembro de 2023: três a cada dez mulheres já sofreram algum tipo de violência doméstica e familiar provocada por um homem. Na segunda mesa do dia, esse tipo de violência foi o enfoque assim como as ações dos advogados a partir do momento que são acionados por uma vítima. “Quando uma cliente chega no escritório ela está com crenças muitas vezes equivocadas e inserida num ciclo do qual não consegue sair. Então, vemos a importância de uma preparação por parte dos advogados, porque lá no criminal você já começa a montar a sua narrativa estratégica do processo de família. Essa mulher tem uma dor premente, mas depois que vai à delegacia, se pergunta: ‘Meu Deus, e agora? Eu não tenho onde morar’. Já pedimos o afastamento do lar. ‘Eu não tenho como me sustentar’. Vamos pensar numa ação de alimentos. Há toda uma preparação para que ela consiga passar pelo processo de família”, sintetizou Laila Falconi, uma das criadoras do Elas em Movimento, grupo de conexão entre mulheres que advogam.


LICENCIATURAS (20/03)

O ano começou com lançamento de livro na Aula Inaugural das Licenciaturas. Diana Mandelert, professora da Faculdade de Educação da Uerj, apresentou aos graduandos de Pedagogia e História uma obra fruto de muitas mãos: Pesquisadores das Próprias Vidas (Appris, 2023). No trabalho, ela reúne 27 textos elaborados por alunos da disciplina de Sociologia da Educação; os estudantes relatam nesses artigos suas trajetórias escolares até a universidade e as analisam a partir da teoria da reprodução, de Pierre Bourdieu. Segundo essa teoria, incorporamos, mesmo inconscientemente, as estruturas da ordem social. “Isso faz com que integrantes da camada popular possam ter uma relação com a universidade de que ‘isso não é para mim’, porque está distante socialmente”, explicou Mandelert passando em seguida a ler as narrativas produzidas.


A atividade foi organizada no âmbito do Programa de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor), da CAPES. Por meio do programa, professores em serviço na rede pública de educação básica dos municípios de Niterói e São Gonçalo estudam gratuitamente no Unilasalle-RJ. Após o primeiro contato com o tema da Aula Inaugural, esses graduandos vão realizar uma Oficina Pedagógica, tendo o livro lançado como bibliografia básica.

ARQUITETURA E URBANISMO (25/03)

Uma experiência no Marrocos foi o mote da Aula Inaugural de Arquitetura em 2024.1. E a experiência foi vivida pelo professor José Roberto de Oliveira. Em janeiro deste ano, o docente percorreu aproximadamente 1.400 quilômetros ida e volta de Marrakech até Merzouga, na fronteira com a Argélia, integrando um grupo de aproximadamente 15 pessoas. A imersão no Marrocos gerou aprendizados que Zé Roberto compartilhou com seus alunos no Centro de Convenções Irmão Amadeu, a começar pela sua chegada no Aeroporto de Marrakesh-Menara, com capacidade de atender 4,5 milhões de passageiros por ano. “Esse é um projeto da E2A Arquitetura com estrutura metálica, em aço alumínio, e alguns elementos são figuras geométricas porque a cultura do Islã não permite que os fiéis adorem santos. Em troca disso, vários elementos geométricos são colocados em fachadas. O aeroporto é a tentativa de resgate dessa cultura de forma contemporânea”, afirmou.


Zé Roberto apresentou por meio de fotos as mesquitas com seus minaretes, onde os mulçumanos oram cinco vezes por dia; os souks, ruas de mercado em que são vendidos tapetes, artigos de cerâmica e em coro; além da própria medina, palavra que significa cidade em árabe. “Marrakech é cercada por 16 quilômetros de muralhas de tijolos de barro, argila e cal. Em alguns lugares, elas têm de 2 a 3 metros de largura, dividindo a cidade nova da antiga. É uma trama urbana a que não estamos acostumados, me perdi diversas vezes até comprar um mapa impresso pois há pouco sinal na medina”, completou Zé Roberto. O docente ainda elogiou a fiação subterrânea do Marrocos nas ruas, mas criticou a pouca preocupação urbana com a acessibilidade.

Naquele dia 25, os melhores projetos de 2023 foram premiados pela coordenação. Conheça abaixo os alunos homenageados e seus trabalhos:


Por Luiza Gould
Fotos de Adriana Torres
(Fernando Talask é das fotos em grupo da Aula Inaugural das Licenciaturas)
Ascom Unilasalle-RJ

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