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Discussões sobre desenvolvimento sustentável foram mote da sexta edição do Fórum de Cidadania e Garantia de Direitos

Final de abril de 2024. Olhos voltados para o Sul do país. No estado do Rio Grande do Sul, tem início uma tragédia climática com consequências exponenciais. Especialistas informavam, porém, que ela era anunciada. Ao todo, até o momento da elaboração desta matéria, 172 pessoas faleceram e mais de 42 seguem desaparecidas. O acontecimento retomou na mídia e na sociedade discussões acerca das mudanças climáticas e das ações antrópicas que as potencializam. Coincidentemente, o VI Fórum de Cidadania e Garantia de Direitos, organizado pelo Setor de Ação Comunitária do Unilasalle-RJ em parceria com o Núcleo de História Comparada Mundial (COMMUN) da UFF, trazia este ano como pauta da programação a temática Casa Comum, Crise Climática e a Teia da Vida. Durante os dias 14, 15 e 16 de maio, o intuito foi discutir a humanidade como parte integrada à natureza e a busca pela compreensão da garantia ou não da efetivação de direitos. O evento contou também com exposição e submissão de trabalhos em GTs. Confira abaixo detalhes desta sexta edição.

A “Teia da Vida”, que integra o tema do Fórum, diz respeito ao entendimento da humanidade como parte intrínseca à natureza, sendo indissociável a aproximação entre movimentos sociais e ecológicos. Por isso, a necessidade de discutir a ação do homem, compositor dessa história. “Queremos que os participantes possam ver o tanto de beleza e vida que há na teia construída aqui. É extremamente satisfatório dez anos depois do início das atividades do nosso setor, olhar para trás e lembrar que na primeira ação não tínhamos nem colete, não tínhamos símbolo, não tínhamos identidade. E essas coisas vão sendo construídas, afinal, não existe Ação Comunitária sem o trabalho dos voluntários”, disse Lívia Ribeiro durante a abertura do evento.


Em seguida, a coordenadora do Setor de Ação Comunitária e Pastoral deu uma mostra de como esse trabalho tem ocorrido por meio de um exemplo recente. Sem os voluntários não seria possível que quarenta toneladas de donativos fossem doadas ao Rio Grande do Sul. Os voluntários receberem, fizeram a triagem, o empacotamento e encheram caminhões com vestimentas, alimentos, águas, itens de higiene e ração, arrecadados tanto das unidades da Rede La Salle em Niterói quanto de outros pontos da cidade:

“Nos sentimos honrados em poder contribuir. Acompanhamos os voluntários nesses últimos dias, do ensino médio à universidade. É bonito demais, não tem cansaço que faça eles pararem. Seria impossível dar conta de tudo que estamos dando se não tivéssemos um grupo trabalhando de forma tão unida e alinhada. Temos voluntários chegando às 9 horas da manhã; vai para a aula, almoça, volta e passa o dia inteiro ali conosco fazendo o que precisar”. É a Teia da Vida conectando o agir fluminense em prol da região que foi a porta de entrada dos lassalistas no país.

Os registros dessa mobilização farão parte do acervo de imagens e memórias que contam a história da instituição e da Ação Comunitária. Parte dessa história foi compartilhada no Fórum por meio da exposição La Salle: dos olhos ao coração. Quando a imagem expressa a Teia da Vida em movimento, da fotógrafa e graduanda em Publicidade Adriana Torres. Integrante do setor de Comunicação e Marketing do Unilasalle-RJ, Adriana cobriu eventos da Ação na última década, mas também foi além da câmera assumindo o papel de voluntária. “Sempre acompanhei a Lívia, como aluna, voluntária e amiga. Admiro todas as atividades da Ação Comunitária e sempre comento o quanto cada seminário nos enriquece de uma forma. É muito bom crescer ao lado de pessoas assim, que buscam auxiliar no crescimento do outro e vice-versa”, sintetizou a fotógrafa na inauguração da mostra.

A mesa de abertura tratou de exemplificar os chamados Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, os ODS, criados pela Organização das Nações Unidas. Alice Gravelle, coordenadora interina da graduação em Relações Internacionais, pontuou as razões pelas quais as ODS se tornaram um assunto frequente em discursos de autoridades a nível mundial. Ela reforçou entretanto, que os 17 objetivos em questão não necessariamente serão priorizados da mesma maneira em todo o globo. “Na Europa, eles estão discutindo se vão andar de avião ou se vão andar de trem, devido à poluição. No Brasil, não estamos discutindo isso. Há outras lógicas dentro dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, não à toa que erradicar a pobreza é a primeira meta e acabar com a fome a segunda. Uma pessoa sem ter o que comer não vai se preocupar com a questão ambiental, nem é para se preocupar. Então, os ODS são pensados de forma muito mais ampla”, explicou Alice.

A mesa sobre Perspectivas Climáticas contou com a presença de Alice Gravelle, mas também de Nathalia Moura, colaboradora da Defesa Civil de Niterói, que trouxe pontuações acerca das ações desse órgão para a Prevenção e Mitigação de Desastres. Outro nome à frente dos debates naquela noite era Diego Caetano, coordenador adjunto da graduação em Arquitetura e Urbanismo, responsável por dialogar sobre uma mazela que ainda assola parte da sociedade brasileira. “Pobreza energética é uma dimensão definida pois se trata da ausência de escolha no acesso a serviços energéticos adequados, acessíveis, viáveis e de alta qualidade. Essa ausência é sentida por muitas pessoas. Toda vez que chove, por exemplo, esse é um dos principais fatores que geram quedas no fornecimento”, comentou Caetano.

Se ao falar da falta de energia pode vir à mente a perda de alimentos na geladeira ou o aumento da temperatura ambiente dentro de casa, em um nível coletivo ele pode significar desde impactos na produção de microempreendedores até desafios no abastecimento de água. São desfechos que a curto, médio e longo prazo afetam o cotidiano de muitos. Por isso, Diego conversou também acerca dos grupos sociais que mais sofrem hoje com esse tipo de pobreza.

As tecnologias não ficaram de fora das discussões, uma vez que podem ser aliadas rumo a um equilíbrio entre as ações humanas e o uso de recursos naturais. Podem ser também essenciais como meios de prevenção ou mitigação de catástrofes ambientais. Afinal a Casa Comum, que também integra a temática do evento a partir da encíclica Laudato si’, reitera a responsabilidade de todo aquele que crê em cuidar da criação e expressar assim a sua fé.

O coordenador do curso de Sistemas de Informação do Unilasalle-RJ, Thiago Souza, compartilhou alguns dados com os participantes na mesa sobre Educação Ambiental e Futuros Possíveis. Ao lado dele, Lucas Honorato, da Universidade Federal Fluminense, elucidava aspectos do Planejamento Urbano em tempos de Crise Climática. Lucas comentou sobre a Ecosofia, uma proposta do filósofo, psiquiatra e ativista Félix Guattari. O conceito é uma tentativa de abranger a inter-relação entre as dimensões social, subjetiva e ambiental. “A forma com que as sociedades produzem discursos sobre existir e sobre como existir na sua relação com a natureza modula as nossas percepções”, explicou Honorato, frisando em seguida o peso de um dos atores deste processo:

“Não é possível pensar a dinâmica da relação sociedade-natureza sem levar em consideração, por exemplo, o papel da mídia na formação da opinião pública. Então, para analisarmos a relação de futuros possíveis, precisamos pensar quais soluções técnicas têm potencial, podem muito, mas, o que elas não podem? Quais soluções político-orçamentárias podem muito, mas o que elas não podem? Existe uma dinâmica de produção narrativa sobre o que nós conseguimos imaginar que é possível fazer. Existe um processo construído nessa subjetivação. Para Guattari, portanto, a Ecosofia é uma forma de entender a realidade a partir da transversalidade dessas dimensões”.

A sexta edição do Fórum contou ainda com a exibição do documentário O Amanhã é Hoje - o drama dos brasileiros afetados pelas mudanças climáticas em um cine debate. Outra atividade prevista na programação foi o grupo de trabalho, meio de reflexão dentro e fora da Academia. O GT teve como tema Perspectivas da Crise Climática, reunindo pesquisadores voltados à análise crítica das estratégias de mitigação e adaptação. Os participantes agora têm em mente desafios éticos e implicações para comunidades vulneráveis como base para escrever seus artigos. Conheça abaixo a proposta do desenvolvimento de grupos de trabalho no Fórum, concretizada a partir de parceria com a Universidade Federal Fluminense.

Destaque desta edição: parceria com a Universidade Federal Fluminense

Por Maria Eduarda Barros / Revisão e colaboração: Luiza Gould
Colaborou: Paula Jaqueira
Fotos por Adriana Torres
ASCOM Unilasalle-RJ

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