Cozinhar na sede da Gas Natural Fenosa tem um valor especial para Stefane Ferreira da Silva. Basta ter nas mãos uma das paelleras utilizadas para preparar o almoço ali que é levada de volta à infância. O cheiro que vinha da cozinha em Duque de Caxias parece guiá-la por este passeio e, novamente, ela está colada à barra da saia da avó, olhando atenta Dona Zefa lidar com aquela grande panela. Mexe daqui, mexe de lá, e logo fica pronta a comida de vó que reúne toda a família em volta da mesa. Na manhã do dia 10 de maio, Stefane deu uma pausa nos últimos detalhes do fusilli com ragu de carne para lembrar de Josefa Maria da Silva. A memória vinha na data escolhida em homenagem às mães na CEG, empresa que patrocina o projeto social.

“Ela passava o dia todo na cozinha. Vez por outra íamos lá e chamávamos: ‘Vó, vamos para a varanda’, e ela respondia: ‘Não, tenho que terminar’. Terminava e inventava outro prato. Minha avó levantava 5h para fazer café, bolo. Montava a mesa para o meu avô levantar, tomar café e ir trabalhar”, contou a aluna do projeto, com voz embargada. A avó faleceu em 2017. “Falar dela no passado ainda é difícil”, explica.

A mesma dedicação que Dona Zefa tinha, a neta punha em cada ingrediente do prato de Dia das Mães para os 300 funcionários da CEG. Na bagagem, ela e outros 19 alunos carregam a experiência de quatro almoços preparados naquela mesma cozinha, que apesar de não ser em casa, já lhes é familiar. O resultado veio novamente em forma de sorrisos dos colaboradores da Gas Fenosa, e pedidos para repetir o prato, reverberando o que encanta até hoje Stefane ao recordar a avó. “Gostava de ver as pessoas satisfeitas com aquilo, porque ela passava amor a partir da comida. Por isso, gosto de comida em grandes quantidades, mais amor você põe ali”, enaltece.

 

Na trajetória da futura chef, um segundo nome feminino, no entanto, lhe é caro: Aparecida – “outra mãe para mim”, decreta. Veio da amiga, com quem já enrolou muitos salgadinhos para festas, o alerta sobre a seleção para a quinta turma do Energia do Sabor. “Ela me ajudava de todas as formas. Eu era nova, não poderia trabalhar, porque cuidava da minha irmã para minha mãe ir para o emprego, então era um jeito de ajudar mais em casa”, conta, “Ela já fazia comida também, apesar de, na época, não ser formada, como é agora. A acompanhava recebendo mensagens de texto depois, ligações, clientes dizendo que todos gostaram”. Dos petiscos à cozinha. Stefane virou auxiliar de Aparecida numa oportunidade que a amiga conquistou em salão de festas. A vontade de ser bióloga marinha ficava cada vez mais distante.

Perto de ganhar seu primeiro certificado na gastronomia, a jovem de 24 anos é só elogios ao projeto do Unilasalle-RJ em parceria com a CEG. Os professores? “Prezam muito para sabermos trabalhar em grupo”. O curso? “Ensina a lidar com a diversidade, a diferença de gostos e paladares em uma bancada de cinco alunos”. O conteúdo? “Aprendemos muito, brinco que só não absorve quem não quer”. Se depender dos coordenadores da Escola de Gastronomia, Cris Gonzalez e Vicente Maia, o incentivo não faltará. Não raro, os chefs indicam jovens para oportunidades na área gastronômica, para além dos momentos de prática externa, garantidos pelos almoços na Gas Fenosa.

Por Luiza Gould

Fotos de Camila Reis e Luiza Gould

Ascom Unilasalle-RJ

 

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