- Outra edição do Energia do Sabor chega ao fim após prova final
- Os preparos
- CONHEÇA OS PRATOS PREPARADOS NA PROVA FINAL
- Hora da avaliação
- O anúncio dos vencedores
- Confira outras fotos da prova final da primeira turma de auxiliares de cozinha
Dez alunos, quatro culinárias, dois chefs e um sentimento pungente: emoção. No início do mês de julho, os formandos da primeira turma de auxiliares de cozinha do Energia do Sabor, projeto fruto da parceria entre o Unilasalle-RJ e a Naturgy, viveram o desafio que sempre antecede o final do curso. Separados em grupos, eles precisaram unir os conhecimentos adquiridos ao longo das aulas e executar preparos, criando pratos durante aproximadamente 1 hora e meia, para serem avaliados por um time de jurados e por seus professores.
No dia 8 de julho, a Cozinha Experimental do centro universitário lembrava a de um restaurante, tamanha a adrenalina, a correria. Panelas tomavam conta do fogão e o soar das facas e utensílios fazia o ambiente vibrar. Atrás das bancadas, duplas ou trios, escolhidos por sorteio, executavam movimentos que se tornaram comuns com o passar do tempo: lavar e descascar os legumes, realizar os cortes das carnes, empratar os componentes saídos do fogo. Cada grupo abraçou um tipo de culinária (brasileira, francesa, italiana e lanchonete), também escolhido por sorteio, com receitas envolvendo mais preparos voltadas às equipes com mais integrantes. Para ampliar o desafio, os agora auxiliares de cozinha não sabiam quais ingredientes estariam à disposição. Eles só souberam no dia da avaliação e tiveram cerca de 15 minutos para decidirem qual prato seria entregue.
Os alunos deveriam fazer uso de técnicas já estudadas, apresentando uma proteína junto de um acompanhamento. Além dos itens disponíveis nas suas respectivas bancadas, eles puderam contar com uma mesa extra, na qual outros produtos estavam acessíveis. Em meio ao nervosismo inerente à prova, os jovens precisaram se ater aos detalhes, incluindo ponto de cocção e sabor.
“De onde veio a inspiração para esse prato?”, perguntou Leonardo Diniz, coordenador do setor de Comunicação e Marketing e um dos jurados da prova, logo após degustar o sanduíche de almôndegas crocantes com onion rings, batatas chips e molhos, receita do grupo sorteado com o tema lanchonete. Lauren Oliveira tinha a resposta na ponta da língua: “Um pouco da Itália, um pouco da hamburgueria. O intuito inicial era fazermos algo semelhante a um polpetone, mas escolhemos colocar o queijo envolvendo a carne e não como recheio. A opção pelo sanduíche aberto também veio em um segundo momento. Geralmente ele é fechado, mas decidimos fazer diferente para a cebola e as almôndegas se destacarem, o que tornou o visual mais bonito”. Outros pratos foram modificados antes mesmo de se acender a chama do fogão, já que o plano B precisou ser acionado: “Eu estava com uma ideia de fazer o capeletti (massa em formato de chapéu, comumente recheada com frango ou carne). Conversamos sobre isso, mas na hora não tinha nenhum dos ingredientes necessários. Então, nós mudamos no último instante e deu certo”, contou Rodrigo Lemos, da dupla encarregada da cozinha italiana. Ele e Fábio Conceição apresentaram ao júri um risoto com gorgonzola acompanhado de medalhão de filé mignon e tomates confitados com manjericão.
Os alunos foram avaliados por quatro jurados do Unilasalle: o reitor, Irmão Jardelino Menegat; a pró-reitora Acadêmica, Regina Helena Giannotti; o pró-reitor de Desenvolvimento, Henry Kupty; e o coordenador de Marketing, Leonardo Diniz. Nas edições anteriores da prova final do Energia do Sabor, os avaliadores podiam acompanhar de perto até mesmo o mise en place (organização dos utensílios e alimentos), dentro da Cozinha Experimental. Este ano, em razão da pandemia e por medidas de segurança, foi preciso deslocar a mesa do júri para o pátio do Unilasalle. Pontos para as etapas transcorridas na cozinha ficaram a cargo dos chefs Cris Gonzalez e Vicente Maia.
Pratos prontos, futuros auxiliares a postos, era chegado o momento mais saboroso: a degustação. Ao ar livre, cada grupo pôde explicar suas ideias e os processos executados enquanto os jurados puderam aprender com os alunos. Durante a apresentação da equipe incumbida da cozinha brasileira, Regina Helena questionou como deveria preparar o arroz com leite de coco. “Você espera o cozimento do arroz e quando estiver quase pronto, com a água pela metade na panela, é só jogar o leite de coco”, esclareceu Victor Hugo. Logo depois, Regina reiterou o porquê de sua curiosidade, fazendo um elogio ao trio: “O peixe passa do ponto muito rapidamente, enquanto o camarão pode ficar borrachudo ou duro. Vocês conseguiram deixar ambos no ponto exato. Ao mesmo tempo, os frutos do mar não competiram em sabor com o que é complemento, no caso o arroz com leite de coco, outro item de difícil preparo. Eu mesma já tentei fazer mais de uma vez, sem sucesso. A consistência ficou pastosa demais”.
Os auxiliares de cozinha passaram adiante as técnicas aprendidas e colocadas em prática no curso, em uma rede de aprendizagem integrada pelos membros do júri, mas também por amigos e familiares. “Toda a parte de panificação, que a minha mãe tinha vontade de conhecer, eu aprendi aqui e ensinei em casa. Hoje em dia fazemos pão para todo mundo da família”, contou Larissa Vieira, outra representante do grupo. Se a empregabilidade dos jovens é um importante objetivo do projeto Energia do Sabor, a partilha de saberes também não pode faltar: “Essa é a dinâmica. Aprender e repassar o que aprendemos”, reiterou o pró-reitor de Desenvolvimento Henry Kupty.
Na foto, a equipe com a culinária brasileira durante o avaliar dos jurados
Apesar dos contratempos trazidos pela pandemia, que levaram a uma pausa no curso, muitos alunos da primeira turma de auxiliares de cozinha não apenas viveram a qualificação profissional neste período, como também deram o pontapé inicial no ramo gastronômico. O empreendedorismo se destaca nas trajetórias desses jovens, que unem o sonho, o protagonismo e a fonte de sustento. “Eu trabalho com a confeitaria desde os meus 11 anos. Assim que vi o anúncio do Energia do Sabor, me interessei bastante. Comecei o curso e, ao mesmo tempo, tive a iniciativa de abrir meu próprio negócio. Já estou há quatro meses com a minha cafeteria aberta", celebrou Victor Hugo, um dos recém-formados.
As potencialidades que as redes sociais carregam também podem ser um impulso e tanto para quem quer empreender. É o caso de Lauren Oliveira: “Eu tenho um blog de Gastronomia. Lá eu descrevo o meu dia a dia na cozinha, compartilho receitas e também vendo alguns produtos”. São passos que a reitoria não só comemora como incentiva. “É provável que vocês sejam aproveitados em alguma empresa, mas não se acomodem. Da mesma maneira que muitos de vocês podem pensar na prestação de serviço, cogitem também abrir o seu próprio negócio”, disse o Irmão Jardelino Menegat na ocasião.
“Vai ser difícil desfazermos esse nó”, antecipava Regina Giannotti, depois de entregar todas as notas a Vicente Maia e Cris Gonzalez. Em tom descontraído, a pró-reitora Acadêmica dava a entender que a sua avaliação dos pratos foi muito equilibrada, a ponto da missão de escolher um prato vencedor não ser nada fácil. De fato, a diferença foi por décimos, como noticiou o chef Vicente ao anunciar os vencedores. Foi por décimos, ou, neste caso, por alguns grãos, que a dupla Rodrigo e Fábio levou o primeiro lugar, fazendo o risoto ser a grande estrela da tarde.
Vitória acirrada, e talvez inesperada para Fábio Conceição: “Entrei um pouco descrente no curso. Eu não era muito bom na gastronomia, mas queria aprender, pois as minhas filhas sempre ficaram encantadas ao ver alguém cozinhar. No decorrer das aulas, eu fui aprendendo e colocando em prática em casa. Foi muito motivante vê-las empolgadas, assim como o restante da família”, lembrou. Parece que agora, as metas pessoais do aluno já se expandem para o lado profissional, após esses meses de estudo: “A porta que o Unilasalle nos abriu, expandiu a culinária na minha cabeça. Eu tenho outras intenções, não de dar início a algum negócio no momento, mas de aprimorar os meus conhecimentos. Talvez fazer uma faculdade de gastronomia ou buscar um emprego no ramo”. Os campeões da prova final lidaram com desafios até o último instante. “Provamos o risoto e juramos que estava salgado. Pensamos em colocar mais água, mas poderia cozinhar o arroz demais e ele precisava estar al dente”, revelou o jovem.
Da direita à esquerda, Fábio e Rodrigo no preparo do risoto
Além de recém-formados auxiliares, esses profissionais saem do Unilasalle imbuídos dos valores lassalistas, como o respeito para com o próximo, o amor por aquilo que é feito, a dedicação à sua missão, características que devem estar presentes dentro e fora da cozinha. Naquele 8 de julho, o orgulho estava estampado no olhar dos chefs, aquele que, mais do que nunca, comunica, em tempos de uso das máscaras. Estava também presente nas falas do Irmão Jardelino Menegat: “O meu desejo um dia é ir até um estabelecimento e vocês se identificarem para mim, lembrarem do lugar onde estudaram. Será um orgulho para nós se eventualmente formos num empreendimento de vocês ou, então, vermos vocês trabalhando, provarmos novamente os seus pratos”. Com o encerramento das aulas, a expectativa para novas turmas do Energia do Sabor já pairava no ar, mas foi por pouco tempo. Novos jovens já iniciaram essa caminhada, que pode também culminar no desejo do reitor.
Por Maria Eduarda Barros / Revisão: Luiza Gould
Fotos de Marianna Lopes
Ascom - Unilasalle-RJ