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Curso de SI desenvolve jogos para alunos com deficiência físico-motora e quarto inteligente para idosos com Alzheimer

Letras e variáveis se mesclam em um conjunto de comandos, criados para um estreito intercâmbio com a vida, jamais apartados dela. Em Sistemas de Informação soluções são elaboradas em diferentes linguagens para, no fim, atender a necessidades humanas. Imagina usar a tecnologia para auxiliar no ensino de crianças com deficiência físico-motora? Ou construir um quarto inteligente, que auxilia nos cuidados de pacientes com Alzheimer? Duas pesquisas desenvolvidas por professores e alunos do Unilasalle-RJ desde o ano passado estão em busca de um cotidiano com melhor qualidade para esses dois públicos. Conheça as iniciativas nesta matéria.

EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Uma pesquisadora da Fiocruz, duas professoras da Fundação Municipal de Educação de Niterói, três docentes do Unilasalle-RJ, uma egressa do centro universitário, oito alunos de SI e ainda participantes da Universidade Federal Fluminense. Juntos este time tem uma missão que não depende de força, capacidade de voar, visão a laser ou nenhum poder de super-herói, mas exige uma capacidade que está presente nos quadrinhos, na vida real e é mais do que estimulada no Unilasalle-RJ: o serviço, a dedicação ao outro. A equipe trabalha na criação de jogos computacionais para auxiliar no ensino de Ciências a crianças com deficiência físico-motora, proposta que nasceu do projeto individual de Aimi Tanikawa de Oliveira, doutoranda em Ensino em Biociências e Saúde na Fiocruz.



A pesquisa de Aimi discute a formação de professores com enfoque na Tecnologia Assistiva, área do conhecimento interdisciplinar que engloba metodologias, estratégias, recursos e práticas para a autonomia e inclusão social de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. O intuito é estudar possibilidades de ensino para serem aplicadas em escolas da rede municipal de Niterói, o que ela faz desde 2017. “São vários jogos com conteúdos científicos, que desenvolvemos artesanalmente. Trabalhamos com dois tipos de superfície. Para alunos com paralisia cerebral que conseguem arrastar objetos fazemos uso de um plano magnético. Figuras de animais podem ser arrastadas até a classe a que pertencem, por exemplo”, explica Aimi, “Se o aluno não consegue empurrar, então vimos que uma boa opção é o uso de luvas de feltro no plano de feltro com os objetos apresentando velcro na parte posterior. Isso promove autonomia ao aluno na escolha da resposta por meio das luvas". Para averiguar a aplicabilidade, a pesquisadora compôs um grupo de 12 crianças da rede municipal, a quem apresenta cada novo jogo criado. As crianças possuem diferentes tipos de deficiência e necessidades pedagógicas, com idades variando entre 8 e 15 anos. O amplo escopo de faixa etária vai ao encontro de uma potencialidade dos jogos: o fato de possuírem diferentes níveis.

É possível evoluir dentro do jogo, mas o próprio jogo também está mudando de fase: passa do status de baixa Tecnologia Assistiva ao patamar de alta Tecnologia Assistiva a partir da programação, uma aposta para tornar a experiência ainda mais acessível, como explica o docente Fábio Barreto: “A Aimi cria ferramentas para o conteúdo ser desenvolvido com a criança. Nós vamos gameficar esse conteúdo, transformar todos os materiais físicos em um game para aumentar a escalabilidade do processo. Uma vez instalado nos computadores das escolas, não será mais um único exemplar levado pela professora em sala de aula no dia da atividade”. Barreto teve esse insight logo que escutou o que Aimi, amiga de sua esposa, pesquisava. Não demorou para surgir a proposta de parceria, abraçada pelo Unilasalle-RJ. Afinal, os universitários também saem vitoriosos desta nova etapa. “Temos alunos de 2º período entendendo o que é a Iniciação Científica. Eles me perguntam: ‘Fábio o que é isso?’. Não tenho resposta, vamos buscar juntos, vocês vão pesquisar conosco”, frisa Barreto. Essa participação, inclusive, vai além do computador. Os discentes de SI marcam presença nas palestras organizadas por Aimi para a formação de professores, figuras fundamentais para que o game ganhe seus jogadores. Em novembro do ano passado, um desses encontros foi o workshop Tecnologia Assistiva: olhares diferenciados para a inclusão, com a especialista em Educação Inclusiva Aimi Tanikawa de Oliveira. O tema lotou o Auditório La Salle durante os turnos da manhã e da tarde.

SMARTCARE

Ao abrir a porta do Núcleo de Tecnologia e Inovação (NUTI), no Centro Tecnológico, provavelmente o visitante encontrará Luiza Fortes trabalhando com circuitos. Tem sido assim desde 2019, quando ela iniciou sua pesquisa de Iniciação Científica. Mãos ágeis, olhar atento e mente pulsante estão focados na construção de um protótipo de quarto inteligente voltado para pacientes com Alzheimer. Viabilizado pela política de incentivo à pesquisa com fomento, iniciada pelo Unilasalle-RJ no ano passado, o projeto venceu edital e conta com verbas da instituição para ser desenvolvido. Luiza, no 7º período de Sistemas de Informação, é auxiliada e supervisionada pelos professores Raphael Abreu e Fábio Barreto.

“A cada ano, 4,6 milhões de casos de Alzheimer são diagnosticados no mundo e espera-se que esse número dobre a partir de 2030. Esse paciente necessita de cuidados especiais, principalmente para amenizar a agitação e prevenir acidentes. Então nosso objetivo é usar sistemas inteligentes para dar assistência ao cuidado domiciliar desses idosos”, explica Raphael Abreu. A partir do conceito de Internet das Coisas (IoT), o grupo projeta o ambiente de uma casa conectada e atuante. Por meio de sensores são coletados dados sobre a movimentação do idoso. Os dados são levados a um algoritmo de inteligência artificial que identifica se ele apresenta algum comportamento de estresse. Entram em cena então os atuadores, dispositivos acionados para ministrar terapias não medicamentosas que diminuam a agitação do idoso, como a liberação de aromas, sons e iluminação. Estamos no âmbito da SmartCare, que emprega a inovação para garantir melhor qualidade de vida a pacientes que necessitam de acompanhamento.

Esse acompanhamento, nas palavras de Barreto, é uma “dor” de cuidadores e familiares, mas também precisa contemplar o bem-estar psicológico do idoso. Não à toa, Abreu lista a privacidade desse paciente como um dos diferenciais do projeto: “Temos alguns desafios a vencer. Por exemplo: como fazer a leitura apenas do idoso na casa, se passar um cachorro não registrar a movimentação dele? Como vamos passar esses dados para a internet? Além da privacidade da informação, estamos pensando também na privacidade do idoso. Todos os outros projetos que vimos contemplam o uso de câmeras. Desde o início, no entanto, vislumbramos que não queríamos esse tipo de equipamento para não dar a impressão para o idoso de que ele está sendo monitorado. Outros projetos também utilizam localização por GPS, mas isso implica o uso de alguma pulseira, tornozeleira, o que também não queremos”.

A preocupação com o outro é tão grande na pesquisa que para tornar a experiência mais verossímil, Luiza Fortes trabalha com a planta de um quarto real de paciente com Alzheimer. Trata-se da mãe de uma docente do Unilasalle. A tecnologia em prol da humanização é o que mais encanta a aluna. “Estou desenvolvendo bastante o raciocínio de programação e conhecendo o funcionamento dos sensores. Vejo que posso também aplicar esses princípios em outras áreas de automação residencial para melhorar o dia a dia de qualquer pessoa. Isso me motiva bastante”, avalia.

Por Luiza Gould

Fotos de Luiza Gould e Adriana Torres

Ascom Unilasalle-RJ

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