- Artigos, congressos virtuais, conquista da pós: em ano de pandemia, lassalistas colheram frutos acadêmicos
- Em 2020, a vitória em processos seletivos
- Artigos acadêmicos a todo vapor
Se a saúde está em risco, as pesquisas trazem soluções para a cura, para a melhor qualidade de vida. Esse é apenas um exemplo dos desdobramentos práticos da Academia na sociedade. Um exemplo bem propício para definir o ano de Rafael Faustini. Em 2020, o futuro bacharel em Sistemas de Informação teve um artigo aprovado para participar da Conferência Internacional sobre Informática em Saúde, a HEALTHINF 2021. A conferência, com Qualis A3, classificação que atesta se tratar de um evento de grande qualidade, reúne pesquisadores e profissionais interessados no design, no desenvolvimento e na aplicação de Tecnologias de Informação voltadas para a medicina e para o apoio a pessoas com necessidades especiais. Rafael tem esse interesse e submeteu, para um workshop da conferência, artigo no qual compila os resultados de sua Iniciação Científica. Com a supervisão dos professores Fábio Barreto e Raphael Abreu, o graduando criou um sistema para identificar se um idoso com Alzheimer está agitado. Conheça nesta matéria essa e outras produções acadêmicas lassalistas no ano em que um vírus se alastrou pelos seis continentes, exigindo superação também no ensino/aprendizagem.
O trabalho de Rafael Faustini começou justamente na pandemia. Dando continuidade à pesquisa iniciada pela egressa Luiza Fortes no âmbito da SmartCare, ele criou um aplicativo web para possibilitar a simulação de um ambiente inteligente e utilizou Inteligência Artificial de alta capacidade para detectar, de maneira não invasiva, possíveis alterações de comportamento do paciente com Alzheimer, alterações essas que podem colocá-lo em risco. “Acredito que a solução apresentada traga como legado a possibilidade de fazer essa assistência respeitando a privacidade do idoso. É possível alertar cuidadores e familiares sobre a potencial atividade de perambulação com base nos dados captados pelos sensores”, explica Rafael Faustini, que apresentou esses resultados também em Trabalho de Conclusão de Curso já defendido. Os dados gerados na pesquisa a partir da aplicação de seu modelo alcançaram 100% de precisão em uma fatia de validação de 10 amostras.
Prestes a colar grau, Faustini irá ter a sua estreia em eventos acadêmicos. “Vejo não só como um diferencial poder contribuir com o meio científico durante a graduação, mas também como uma oportunidade de aprender coisas novas, aplicando a um problema real as soluções debatidas”, avalia o coautor do artigo Convolutional Neural Network for Elderly Wandering Prediction in Indoor Scenarios (Rede Neural Convolucional para predição de idosos errantes em cenários internos). O trabalho é assinado ainda pelos professores Fábio Barreto e Raphael Abreu, este último com um histórico que muito o aproxima de seu aluno e xará. “Eu sou egresso do Unilasalle-RJ, fui orientado pelo Fábio e transformei o meu TCC em artigo científico. Agora oriento alunos que estão fazendo o mesmo, e queremos que isso seja constante”, celebra Raphael Abreu.
O Rafael aluno ainda não sabe se seguirá os passos do Raphael professor, ingressando na carreira acadêmica, mas há quem já tenha mais certeza. É o caso de Kethlyn Gabi Winter da Silva, internacionalista formada em 2020.1 pelo centro universitário. Nem bem graduada, já mestranda. Aprovada em processo seletivo, ela inicia neste 2021 a pós-graduação na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME). Se a Kethlyn lá do início do curso de RI lesse que seria mestre um dia, provavelmente não acreditaria. “Como boa estudante de Relações Internacionais, eu entrei na faculdade pensando em ser diplomata e não considerava nenhuma das outras áreas. No 7º período, nas aulas de Projeto, da professora Letícia Simões, fui questionada por ela algumas vezes se eu já tinha considerado o mestrado, pois levava jeito... Relutei e disse para a Letícia alguns nãos”, lembra a egressa. A prática nesta mesma disciplina mostrou que o não tinha tudo para virar sim. Letícia acabou por fazer com que Kethlyn sentisse o gostinho de ser professora ao estimular os alunos a lerem os projetos uns dos outros e fazerem suas considerações. A semente estava plantada. “É tudo culpa dela”, brinca, “Os professores do Unilasalle são muito preocupados com o futuro profissional dos alunos. Mesmo quando estagiei em outra área, em Comércio Exterior, eles se prontificaram a me explicar matérias que eu não tinha cursado ainda”.
Na ECEME, Kethlyn irá continuar a pesquisa que iniciou no TCC, sobre o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas entre Brasil e Estados Unidos. Esse acordo diz respeito ao uso comercial do Centro de Lançamento de Alcântara, localizado no Maranhão, e assegura a proteção de tecnologias norte-americanas ao passo que autoriza o Brasil a realizar lançamentos de foguetes e espaçonaves para fins pacíficos. “Em minha monografia, eu me propus a analisar as conjunturas do acordo no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso e no governo de Bolsonaro. Sendo um assunto polêmico, de bastante importância para a política de defesa e a política externa brasileira, ainda há muito o que ser estudado”, assegura a egressa, que se diz otimista e ansiosa para iniciar o mestrado.
Quem também dará este passo em 2021 é Nathan Oliveira dos Santos, aprovado para ingressar no Programa de Pós-graduação em Relações Internacionais da UERJ. Além de se formar junto de Kethlyn e logo seguir para o mestrado, ele compartilha com a internacionalista a presença dos Estados Unidos em seu tema de pesquisa, igualmente um aprofundamento do que começou a investigar no Unilasalle-RJ. No TCC, o foco foi estudar as diferenças entre as políticas externas dos presidentes Barack Obama e Donald Trump em relação à Cuba. Agora dois caminhos possíveis se abrem a Nathan Santos. “Pretendo me dedicar à política externa norte-americana de maneira geral ou à relação entre Estados Unidos e Brasil”, conta, “O mestrado me dá esperanças de unir duas coisas de que gosto muito: a pesquisa e o magistério. Eu sempre tive vontade de ser professor, mas por bastante tempo fugi. Eu ficava me imaginando em um escritório... Quando comecei a trabalhar em uma escola, pude, enfim, constatar que meu legado no mundo vai ser a Educação. Eu quero inspirar pessoas como os meus professores me inspiraram”.
Em 2020, recém-formados garantiram o passaporte para a continuidade dos estudos, mas não só eles. Entre oito lassalistas de RI aprovados para programas de mestrado/doutorado no ano que passou, Gustavo Loureiro é o que carrega o seu diploma de bacharel por mais anos. Tendo se formado em 2016.2, Loureiro se prepara para iniciar o doutorado na Universidade Federal de Minas Gerais. “A UFMG tem o programa de pós-graduação em Ciência Política mais tradicional do país – foi o primeiro, fundado em 1973 – e que figura entre os mais prestigiados – entre todos os programas da área, somente os cursos da UFMG, UnB e USP são avaliados pela CAPES como nota 7, a mais alta”, revela o egresso lassalista que agora terá a oportunidade de aprofundar sua agenda de pesquisa, contando com o apoio de alguns dos maiores nomes da Ciência Política no Brasil.
A pesquisa de Gustavo Loureiro é uma continuação do trabalho que ele vem desenvolvendo desde a graduação no Unilasalle-RJ. Foi no centro universitário que ele primeiro se debruçou sobre o direito humano à água e ao saneamento básico, tema que levou para o mestrado, na UNIRIO. Lá ele investigou sobre as políticas municipais para o setor de saneamento e a influência exercida pelos investimentos na qualificação, aperfeiçoamento e valorização do funcionalismo público para o sucesso de políticas sociais. No doutorado, a proposta é pesquisar a influência de instituições externas à administração pública nas políticas municipais para o saneamento básico, compreendendo como operam as dinâmicas desse setor, permeado por relações entre capital privado, interesse público e organizações sociais.
Com um percurso sólido na Academia (ele soma ainda capítulos de livro publicados e apresentação de trabalhos), Loureiro pôde incluir em seu currículo Lattes a participação em uma banca no Unilasalle-RJ. Junto das professoras Fernanda Nanci e Alice Gravelle, ele avaliou em 2020 o TCC de Matheus Linhares de Abreu, intitulado Uma análise da indústria farmacêutica estadunidense e de suas relações com o governo. Sobre essa experiência, Loureiro fala: “Mais do que simplesmente ter o prazer de participar de uma banca tão enriquecedora, tive o prazer de ter recebido o convite da professora Fernanda Nanci, que me acompanha desde a graduação e foi parte importante no meu desenvolvimento como pesquisador. É muito bom se sentir reconhecido por pessoas que você admira tanto. Apesar da necessidade da distância física, aquele sentimento bom de estarmos juntos e comemorarmos o sucesso de mais um aluno concluindo esta etapa de sua formação foi o que prevaleceu. Avalio como um momento único e especial em minha vida acadêmica, que certamente não será esquecido”.
Eyre Montevecchi já está há três anos formada em Sistemas de Informação, mas mesmo assim não esquece o centro universitário onde cursou a graduação. Envolvida em projetos do Setor de Ação Comunitária até hoje, ela também passou a estabelecer parcerias com antigos docentes. “Eu tenho muito a agradecer ao Unilasalle”, diz a egressa, “O centro universitário me possibilitou atuar em causas sociais, contribuir de alguma forma com a sociedade. Ao mesmo tempo, tive ótimos professores, realmente preocupados com o nosso aprendizado. O professor Fábio Barreto, por exemplo, foi meu orientador na época de graduação e um dos maiores incentivadores no mestrado, abrindo as portas para que isso se concretizasse. Pude me tornar colega de turma e de pesquisa dele e do professor Raphael Abreu, hoje grandes amigos”. Foi junto de Barreto e Abreu, além dos pesquisadores Marina Josué, Pedro Valentim e Débora Muchaluate-Saade, que Eyre escreveu um artigo premiado em 2020.
Ao fundo, Eyre posa para foto ao lado dos professores Fábio Barreto e Raphael Abreu. Em primeiro plano, a pesquisadora Marina Josué, também autora do artigo
Intitulado Extending Ginga-NCL to Specify Multimodal Interactions With Multiple Users, o artigo foi apresentado no XX Simpósio Brasileiro de Sistemas Multimídia e Web (WebMedia 2020) e ganhou uma Menção Honrosa. Fruto da pesquisa de doutorado de Barreto na Universidade Federal Fluminense, o trabalho propõe a extensão do modelo NCM (Nested Context Model) e da linguagem baseada nele, a NCL (Nested Context Language), para aplicações multimídia com suporte à interação multimodal (voz, gestos, olhos) e múltiplos usuários. O artigo dialoga com o objeto de estudo de Eyre no mestrado, também realizado na UFF e com a mesma orientadora que auxilia Fábio Barreto em sua jornada: a professora Dra. Débora Christina Muchaluat-Saade.
Eyre conclui em março deste ano a sua dissertação, cujo foco é o Ginga-NCL e o rastreamento ocular. Por meio dessa plataforma multimídia, ela busca uma nova interação no ambiente de TV digital para usuários que não querem ou não podem utilizar as modalidades tradicionais (mouse, teclado, controle remoto e afins) devido a alguma deficiência. Em dois anos de pesquisa, a lassalista que teve a melhor nota do ENADE no Rio no ano em que realizou o exame, celebra cada tijolinho no muro da ciência: “Há uma parte muito gratificante que são as publicações: nossos tijolinhos no muro da ciência. Quando estamos mais próximos da fase final, há uma pesquisa mais concreta e você consegue publicar seu trabalho em congressos e periódicos”.
Marina Moreno ainda está na graduação, mas, assim como Eyre, tem como objetivo de carreira a produção de conhecimento e científica. Para isso, os “tijolinhos” da aluna de 7º período do curso de Relações Internacionais já erguem estrutura desde agora. Com artigo publicado em revista, capítulo de livro a vista e artigo apresentado em congresso, esse último no ano de 2020, Marina soma produções que serão um diferencial para o ingresso no mestrado com o qual sonha. Seu mais recente fruto é o artigo US Dollar Hegemony: a construção do poder norte-americano no pós-Bretton Woods, escrito em coautoria com a também graduanda Camila Gonzaga Seixas, e submetido ao Encontro de Relações Internacionais do Rio de Janeiro (ERIRio 2020). O objetivo das lassalistas com o trabalho foi entender como processos advindos das conferências de Bretton Woods (essas conferências estabeleceram em julho de 1944 as regras para as relações comerciais e financeiras entre os países mais industrializados do mundo) contribuíram com a consolidação da hegemonia norte-americana. “Mencionamos no artigo a contribuição brasileira à Economia Política Internacional, então trouxemos alguns teóricos brasileiros, além de explicar relações de poder a partir de uma perspectiva mais marxista”, revela Marina, “Concluímos que, de fato, a padronização do dólar como moeda no sistema internacional foi efetiva em consolidar este poder, bem como a liberalização da economia, todo o processo de flutuação cambial que aconteceu no pós-Bretton Woods... O poder e a hegemonia exercida pelos EUA hoje se dão, principalmente, a partir de um poder financeiro, monetário, e não como antigamente, mais militar”.
O artigo de Marina e Camila foi escrito para o ERIRio 2020 utilizando algumas das discussões estabelecidas na disciplina Economia Política Internacional, ministrada pela professora Bruna Jaegger. Da mesma disciplina, veio a base teórica para o artigo de Bárbara Cunha Ouverney, apresentado remotamente no III Fórum San Tiago Dantas. O tema do trabalho foi inovador: Bárbara buscou aplicar a teoria do Sistema-mundo de Wallerstein à diplomacia do Twitter no Governo Bolsonaro (2019-atual), investigando os impactos dessa diplomacia para o comércio exterior brasileiro. “A princípio, foi um pouco assustador escrever sobre um assunto tão atual, mas também tive o incentivo da professora Bruna para dar este passo. O mais desafiador foi elaborar a conclusão, exatamente porque o assunto ainda está em andamento. Dentre as considerações preliminares, cito impactos práticos relacionados ao investimento chinês no Brasil desde a campanha eleitoral de Bolsonaro até a viagem diplomática do presidente à China. O esfriamento na relação bilateral Brasil-Argentina também foi abordado”, sintetiza a aluna do 6º período de RI.
Aos demais estudantes, Bárbara deixa um recado: “Eu sugiro a todos a participação no Fórum, cujo intuito principal é incentivar a Iniciação Científica. Foi a minha primeira experiência em um congresso e a considero extremamente relevante pelo estímulo ao envolvimento na aérea acadêmica”. Um estímulo que faz a diferença no currículo, mesmo de quem tem como objetivo o mercado de trabalho, lembra o professor Raphael Abreu: "Vocês indo para congressos, tentando publicar artigos científicos, estarão auxiliando a sociedade e as suas próprias carreiras. As empresas não querem um profissional que chega com respostas prontas, mas sim que chega com curiosidade, que consegue propor um método para identificar a solução, consegue avaliar se a solução é a melhor ao compará-la com outras. Isso é ser cientista".
Por Luiza Gould
Ascom Unilasalle-RJ